Tribunal do Júri condena trio por chacina em Irati a mais de 200 anos de reclusão
Júri popular encerra o julgamento mais longo da história do município com três pessoas condenadas por homicídio qualificado
Publicado: 07/11/2025, 12:04

O julgamento dos três réus, o policial militar Arnoldo Skubisz Neto (Neto), sua irmã Franciele Skubisz e o cunhado do PM, Welliton da Silva Rodrigues, acusados pela chacina registrada em 2022 na Vila São João, em Irati, que vitimou cinco pessoas, terminou na noite desta quinta-feira (6) com a condenação dos envolvidos a penas que somam 204 anos, sete meses e 14 dias de prisão em regime fechado. A decisão foi proferida pelo juiz de direito Dawber Gontijo Santos, após três dias de sessões intensas no Fórum da Comarca de Irati.
Individualmente, Arnoldo Skubisz Neto recebeu pena de 38 anos, quatro meses e 15 dias de reclusão, com prisão imediata; Welliton da Silva Rodrigues foi condenado a 71 anos, 10 meses e 22 dias de reclusão, porém o tempo não pode exceder 40 anos, conforme a Constituição Penal; já Franciele Skubisz recebeu 94 anos, quatro meses e sete dias de reclusão, também com cumprimento imediato, mas igualmente limitada a 40 anos de prisão.
O tempo em que os réus permaneceram presos antes do julgamento será subtraído do total da pena.
O caso foi considerado um dos crimes mais violentos já registrados na cidade, resultando na morte de cinco pessoas: Wellington Vieira de Andrade, conhecido como “Tom” (21), Jaine Shaiane Fernandes (27), Alex César Ferreira (24), Danilo Vinícius Gaioch Conrado (18) e Ednaldo de Souza Nascimento, o “Nardinho” (33).
JULGAMENTO - O júri popular teve início na terça-feira (4) e se estendeu por três dias consecutivos, totalizando mais de 35 horas de duração, sendo o mais longo da história do município. Durante os dois primeiros dias, foram ouvidas 18 pessoas, entre testemunhas e informantes, além dos três réus. Todos os depoimentos reforçaram os detalhes da noite do crime e os vínculos entre as vítimas e os acusados.
DEPOIMENTOS DOS RÉUS - Na quarta-feira (5), os três réus foram ouvidos. Arnoldo (Neto) prestou depoimento por mais de uma hora, respondendo a perguntas da promotoria e da defesa. Em seguida, Franciele foi ouvida em um depoimento de cerca de oito minutos, optando por não responder aos questionamentos da acusação. Welliton também permaneceu em silêncio diante das perguntas da promotoria, em uma fala de aproximadamente sete minutos direcionada à defesa.
FASE DOS DEBATES - A fase de debates iniciou-se ainda na quarta-feira (5) e seguiu até a quinta-feira (6). O Ministério Público, representado pelo promotor de Justiça Eduardo Ratto, abriu a sustentação oral, que durou 2h30 e se estendeu até as 21h16 do dia 5. A promotoria baseou-se na comprovação das provas periciais anexadas aos autos, confrontos balísticos, exames de perfil genético e relatórios de ERB (Estação Rádio-Base), entre outras evidências apresentadas.
Na manhã do dia 6, a defesa assumiu a tribuna, também por 2h30, divididas em 1h15 para a defesa do policial Neto e 1h15 para Franciele e Welliton. A defesa do PM sustentou a tese de que Neto não esteve presente na cena do crime e buscou confrontar as provas dos autos, especialmente a arma (espingarda calibre 12) apresentada.
Em seguida, a promotoria apresentou a réplica, com mais 2h30 de duração, na qual Ratto questionou e rebateu os argumentos da defesa em diversas ocasiões. Por fim, a defesa realizou a tréplica, com duas horas de duração, insistindo na tentativa de absolvição dos réus. A fase foi marcada por intensos confrontos argumentativos e exibição de provas.
DELIBERAÇÃO E SENTENÇA - Encerrados os debates, o Conselho de Sentença se recolheu para a deliberação. Na sequência, o juiz Dawber Gontijo Santos leu a sentença em plenário, condenando os três réus pelos crimes de homicídio qualificado, com incidência das qualificadoras de meio cruel, recurso que dificultou a defesa das vítimas e crime cometido para assegurar a impunidade de outro crime, entre outras. O resultado foi acompanhado por familiares das vítimas, pela população e por autoridades locais. A condenação encerra um dos casos criminais mais marcantes de Irati, que mobilizou as forças de segurança e chocou a comunidade pela brutalidade dos assassinatos. O Ministério Público e a defesa ainda poderão recorrer da decisão dentro dos prazos legais.
Informações: Folha de Irati





















