Desordem na fiação aérea traz risco a saúde dos ponta-grossenses | aRede
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Desordem na fiação aérea traz risco a saúde dos ponta-grossenses

Conselheiro, médico explica a importância da fiação subterrânea e o que pode ser realizado a curto prazo para trazer mais bem-estar ao município

Mário Rodrigues Montemor Netto é conselheiro na área da Saúde
Mário Rodrigues Montemor Netto é conselheiro na área da Saúde -

Rodolpho Bowens

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O conselheiro da área da Saúde do Grupo aRede, Mário Rodrigues Montemor Netto, acredita que a desordem na fiação aérea traz risco a saúde dos ponta-grossenses - o debate é referente a uma reportagem especial do Portal aRede sobre o assunto. Entretanto, ele lembra o alto custo para projetos de fiação subterrânea. Portanto, o médico destaca a importância de fiscalizar os fios inutilizados, como uma solução temporária para Ponta Grossa.

Confira abaixo a opinião na íntegra de Mário, que é médico, pesquisador, professor e presidente da Associação Médica de Ponta Grossa (AMPG):

"Em nossa série de check-ups sobre a saúde de Ponta Grossa, já examinamos seus músculos industriais, seus pulmões ambientais e suas artérias viárias. Hoje, o foco recai sobre o sistema nervoso da cidade: a rede de fios e cabos que paira sobre nossas cabeças. E o diagnóstico clínico é preocupante: temos um sistema nervoso exposto, desorganizado e perigoso, configurando uma patologia urbana que vai muito além da estética - é um fator de risco real à saúde pública.

Apenas o 'núcleo central' da cidade (avenida Vicente Machado e o 'Calçadão') possui a proteção adequada de cabeamento subterrâneo. O restante do corpo urbano convive com um emaranhado que, segundo especialistas, atua como uma fonte constante de neurose urbana.

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Assista à opinião do conselheiro da área da Saúde | Autor: Colaboração.
 

O Diagnóstico da Neuroarquitetura: A Desordem Visual Aumenta o Cortisol

É um equívoco grave tratar a paisagem urbana como algo secundário. A ciência da Neuroarquitetura nos ensina que o cérebro humano reage fisicamente ao ambiente. A desordem visual do 'ninho de ratos' nos postes aumenta a carga cognitiva do cérebro, exigindo esforço mental constante para filtrar o excesso de estímulos visuais.

O resultado fisiológico é mensurável: aumento da fadiga mental, irritabilidade e elevação dos níveis de cortisol, o hormônio do estresse. Viver sob esse teto caótico coloca o cidadão em um estado subconsciente de alerta contínuo. Além disso, aplica-se aqui a 'Teoria das Janelas Quebradas': a desordem visível nos fios gera uma sensação de abandono que alimenta a insegurança e encoraja a degradação social.

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Vídeo explica a complexidade do problema da fiação aérea | Autor: Colaboração.
 

O Conflito Sistêmico: Nervos Expostos Mutilam os Pulmões

A patologia se agrava quando o sistema nervoso ataca o sistema respiratório da cidade. Para manter essa fiação exposta, recorre-se frequentemente a podas drásticas e mutiladoras das árvores. Essa 'cirurgia malfeita' sacrifica nossos 'pulmões' e o conforto térmico, criando ilhas de calor e comprometendo a convivência harmônica entre a infraestrutura e a natureza.

Além disso, há o risco físico iminente. Fios rompidos por tempestades carregam voltagens letais e o emaranhado favorece incêndios, transformando a rua - que deveria ser um espaço de acolhimento - em um vetor de risco.

A Patologia do Crescimento: Fisiopatologia Urbana (FU)

Olhando para a cidade como um organismo vivo, o crescimento desordenado que permite essa proliferação caótica assemelha-se a um processo neoplásico - um crescimento tumoral que ignora a regulação e a harmonia do todo. Isso afeta a corpografia da cidade, ou seja, a maneira como o espaço urbano se inscreve no corpo e na experiência de quem vive nele. O caos aéreo interfere negativamente nessa experiência, esterilizando a convivência e reforçando a sensação de desordem.

O Tratamento: Entre a Neurocirurgia e a Higiene Necessária

Se o diagnóstico é claro, por que não operamos o paciente imediatamente? A resposta da Prefeitura Municipal de Ponta Grossa (PMPG) é pragmática, responsável e compreensível sob a ótica da gestão de recursos. Enterrar a fiação é o equivalente a uma neurocirurgia complexa: é extremamente caro (de três a 20 vezes mais que a rede aérea), exige um planejamento meticuloso e 'paralisa' o paciente durante a execução.

No momento, a Prefeitura optou por realizar uma triagem clínica, priorizando o tratamento das 'hemorragias' (falta de pavimentação, riscos de alagamento e saúde básica) e das 'fraturas' (mobilidade urbana). A neurocirurgia estética e funcional, sendo um procedimento de alta complexidade e custo, fica programada para um futuro onde o paciente apresente maior estabilidade 'fisiológica'.

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Fiação subterrânea pode trazer mais saúde a Ponta Grossa | Autor: Colaboração.
 

Conclusão: Por uma Cidade que Acalma, o Desbridamento e a Higiene Nervosa

Se a neurocirurgia não é viável hoje, a higiene é obrigatória. Não podemos deixar a ferida infectar. A Lei Municipal n.º 14.686/2023, que obriga a retirada de fios inutilizados, funciona como um procedimento de desbridamento: a remoção do tecido morto (fios sem uso) para sanear a área.

A fiscalização rigorosa dessa limpeza é o mínimo ético e sanitário. Investir na organização da paisagem urbana não é luxo ou cosmética; é investir na prevenção da neurose urbana e no bem-estar integral de quem vive em Ponta Grossa. Uma cidade visualmente mais calma é uma cidade mentalmente mais saudável".

CONSELHO DA COMUNIDADE

Composto por lideranças representativas da sociedade, não ocupantes de cargo eletivo, totalizando 14 membros, a iniciativa tem o objetivo de debater, discutir e opinar sobre pautas e temas de relevância local e regional, que impactam na vida dos cidadãos, levantados semanalmente pelo Portal aRede e pelo Jornal da Manhã, com a divulgação em formato de vídeo e/ou artigo.

Conheça mais detalhes dos membros do 'Conselho da Comunidade' acessando outras notícias sobre o projeto.

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