Prisão de Lula em Curitiba completa cinco anos
Nesta sexta, completaram-se 5 anos da prisão do na época ex-presidente; muita coisa mudou de lá para cá
Publicado: 08/04/2023, 09:17
Por dois dias, o Brasil parou. Da ordem de prisão emitida pelo então juiz federal Sergio Moro até a entrega em Curitiba, por volta das 22h30, todo o país arrumou um lugar para acompanhar a primeira prisão de um ex-presidente da República desde a redemocratização. Nessa sexta-feira (7), completaram-se 5 anos da prisão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o cenário é completamente diferente. Em 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou as condenações e, em 2022, o petista foi novamente eleito para o Palácio do Planalto.
Lula foi condenado pela Justiça Federal de Curitiba por duas vezes no âmbito da Operação Lava Jato.
Na primeira, Moro determinou o cumprimento de 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo a acusação, a construtora OAS teria feito reformas em um triplex na cidade do Guarujá, no Litoral de São Paulo, como parte de pagamento em propina por supostamente ter sido favorecida em contratos com a Petrobras.
Em 2019, Lula foi condenado a 12 anos e 11 meses por corrupção e lavagem de dinheiro em processo que investigava se ele teria recebido propina por meio da reforma de um sítio em Atibaia.
No segundo processo, Moro já ocupava o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública no Governo Jair Bolsonaro. Coube à juíza substituta Gabriela Hardt, da 13ª Vara Federal de Curitiba, a sentença.
Em novembro de 2019, porém, ocorreu a reviravolta judicial. O Plenário do STF decidiu que é constitucional a regra do Código de Processo Penal (CPP) que prevê o esgotamento de todas as possibilidades de recurso (trânsito em julgado da condenação) para o início do cumprimento da pena. Como Lula aguardava recursos no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no STF, pôde deixar a prisão.
Em 2021, mais uma vitória a Lula. O ministro Luiz Edson Fachin, do STF, determinou, a anulação de todas as decisões tomadas pela 13ª Vara Federal de Curitiba. Como consequência, Lula pôde, novamente, disputar as eleições. Fachin ordenou que os casos fossem reiniciados na Justiça Federal do Distrito Federal.
Chegada em Curitiba
Após a ordem de prisão, ocorrida em 7 de abril de 2018, Lula foi cercado por apoiadores no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Paulo. Diante dos riscos de se complicar ainda mais judicialmente, decidiu se entregar.
A chegada dele a Curitiba foi marcada por confronto entre apoiadores e pessoas que comemoravam a prisão. A Polícia Militar (PM) precisou intervir, com bombas de efeito moral.
Enquanto esteve preso na capital do Paraná, Lula causou polêmica no bairro Santa Cândida. Diversos apoiadores passaram a fazer uma vigília e fazer ‘companhia’ ao petista. Pela manhã, por exemplo, apoiadores desejavam bom dia ao “presidente Lula”. Foi nesse período também, que a agora esposa de Lula, Janja da Silva, ganhou notoriedade. O petista deixou a prisão 580 dias depois, em 8 de novembro de 2019.
Presidente da República
Com a anulação das condenações, Lula se tornou virtual candidato à Presidência da República. A candidatura foi confirmada em julho de 2022.
Pesquisas chegaram a apontar vitória em 1° turno na polarizada eleição. Mas a vitória apertada, 50,9% contra 49,1% de Jair Bolsonaro (PL), aconteceu em 2° turno. Cinco anos após a prisão, Lula é novamente presidente e garante que não guarda rancor da capital do Paraná. Em entrevista concedida à Rádio Banda B antes das eleições de 2022, afirmou.
“Minha relação com Curitiba sempre foi de profundo respeito e admiração, pela cidade e pelo povo, sempre me tratando com muita decência. Não foram poucas às vezes que fui ao Paraná e Curitiba e não confundo o que aconteceu comigo em 2018. Tinha uma pequena quadrilha montada dentro do Ministério Público e um juiz em Curitiba, que resolveu contar a maior mentira desse país. Foi a primeira vez que a Justiça, junto com a imprensa, combinaram o que fazer e para o que fazer. Eu poderia ter saído do Brasil e, quando tomei atitude de ir a Curitiba, foi porque tinha muita convicção que iria comprovar minha inocência e parcialidade do Moro”, disse Lula.