Pesquisadores alertam: pinguins-imperadores correm risco de extinção
Análise com imagens de satélite revela queda populacional acelerada entre os pinguins-imperadores. Cientistas alertam para risco de extinção
Publicado: 11/06/2025, 16:46

Virou meme a canção do musical Happy Feet (2006) em que um pinguim-imperador canta: “Não me empurra que eu já tô na beira”. O que parecia uma piada divertida se tornou um retrato da triste realidade desses animais, agora à beira da extinção.
Um novo estudo revelou que as populações de pinguins-imperadores na Antártida encolheram cerca de 25% entre 2009 e 2023. A informação vem de uma investigação que analisou imagens de satélite em altíssima resolução de dezenas de colônias para fazer um censo dos animais.
Maior censo de pinguins da história
A pesquisa foi feita pelo British Antarctic Survey e publicada na Nature Communications Earth & Environment nesta terça-feria (10/6) foi focada na região entre 0° e 90° W, no polo sul extremo, onde está reunido mais de um terço da população global da espécie em 19 colônias.
Entre 1951 e 2000, a temperatura do ar aumentou até 2,8 °C em algumas partes da região. Além do calor, houve mudanças no padrão de gelo marinho influenciadas por fenômenos como El Niño. Isso alterou drasticamente o ambiente.
O estudo comprova a consequência das mudanças entre os pinguins: uma tendência de declínio acentuado com uma perda média anual de perda de 1,6% da população, totalizando 22% de redução ao longo de 15 anos.
A queda supera as estimativas anteriores. Estudos de 2009 a 2018 apontavam para uma redução de 9,5%’ no período. Segundo os autores, os novos dados indicam um ritmo de perda 50% pior do que o previsto por modelos climáticos anteriores.
Mudança climática acelera a extinção
A principal causa apontada pelos cientistas é a perda acelerada do gelo marinho. O derretimento do gelo afeta diretamente o local de reprodução dos pinguins, que dependem do chamado “gelo rápido” para incubar ovos e criar filhotes.
Entre 2022 e 2024, três anos consecutivos registraram níveis recordes de baixa no gelo marinho. Esses eventos provocaram falhas reprodutivas graves em várias colônias, com perda total de filhotes.
Segundo o estudo, os pinguins filhotes morrem ao cair no oceano antes mesmo de desenvolver suas penas impermeáveis, que lhes permitiria nadar.

Projeções apontam para extinção
Modelos de metapopulação indicam que, com altas emissões de gases de efeito estufa, quase todas as colônias de pinguins-imperadores desaparecerão até o final do século.
Estudos anteriores sugerem que, ao contrário de outras aves marinhas, os pinguins-imperadores não interrompem sua reprodução em anos desfavoráveis. A maioria das espécies “guarda” os ovos quando vê que o clima não é favorável ao desenvolvimento.
Com somente um ovo por estação e baixas taxas de sobrevivência juvenil, a espécie se torna altamente vulnerável.
Monitoramento remoto sobre pinguins
Durante décadas, o ciclo de reprodução dos pinguins-imperadores dificultou os estudos. A reprodução ocorre no inverno, com acesso terrestre ou aéreo limitado pela logística e pelo clima extremo da Antártida.
Somente com o uso de satélites de alta resolução, a partir de 2009, foi possível realizar estimativas globais de sua população. A primeira avaliação indicava cerca de 238 mil pares reprodutores. Estudos posteriores revisaram esse número para 258 mil, mas desde então o número tem caído.
Os pesquisadores veem a possibilidade de que os pinguins se desloquem para áreas mais frias no futuro, evitando a costa. No entanto, não há garantias de que encontrarão condições adequadas à reprodução nessas regiões.
Com informações de: Metrópoles.