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Prerrogativas parlamentares do deputado Renato Freitas (PT) são suspensas por 30 dias

Leitura da decisão do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa ocorreu durante a sessão plenária dessa segunda-feira (18); Freitas refutou as sanções

Processo disciplinar pediu suspensão das prerrogativas do deputado Renato Freitas (PT) por 30 dias.
Processo disciplinar pediu suspensão das prerrogativas do deputado Renato Freitas (PT) por 30 dias. -

Publicado por Lilian Magalhães

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A decisão do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Assembleia Legislativa do Paraná, que determinou a suspensão das prerrogativas parlamentares do deputado Renato Freitas (PT) por 30 dias, foi lida em Plenário na sessão desta segunda-feira (18). O parecer foi ratificado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Segundo o comunicado, o parágrafo 5º do artigo 275 do Regimento Interno determina que “no caso de aplicação de penalidade, o parecer será encaminhado ao presidente para leitura no expediente, com a comunicação da suspensão das prerrogativas regimentais indicadas”.

A leitura foi realizada pelo primeiro-secretário da Assembleia, deputado Gugu Bueno (PSD): “Comunicamos ao Plenário a suspensão das prerrogativas regimentais contidas nos incisos I, II e III do artigo 275 do Regimento Interno: uso da palavra, em sessão, no horário destinado ao pequeno ou ao grande expediente; candidatura ou exercício de cargo de membro da Mesa ou de presidente ou vice-presidente de comissão; e designação como relator de proposição, pelo prazo de 30 dias, a ser aplicada ao deputado Renato Freitas a contar do presente comunicado”.

Freitas refutou a decisão, alegando que “de acordo com o regimento da Casa, essa sanção só pode ser aplicada ao deputado que for reincidente, o que não é o meu caso, e eu estava apoiando a manifestação pacífica dos professores”. O parlamentar indicou que irá recorrer e acrescentou: “até que haja decisão contrária, vou ficar censurado nesta Casa”.

ENTENDA - O processo disciplinar instaurado no âmbito do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Assembleia decidiu pela suspensão das prerrogativas parlamentares do deputado Renato Freitas (PT) por 30 dias. O colegiado acatou o relatório apresentado pela deputada Secretária Márcia Huçulak (PSD), que emitiu parecer sobre denúncias referentes à atuação de Freitas na manifestação ocorrida no Parlamento em junho de 2024.

As representações, de números 08005-21.2024 e 08061-61.2024, são de autoria dos deputados Delegado Tito Barichello (União) e Ricardo Arruda (PL), respectivamente. Ambas tramitaram conjuntamente e citam irregularidades na conduta do petista, que teria se aproveitado de sua prerrogativa como deputado para facilitar o acesso de manifestantes à Assembleia Legislativa do Paraná.

As supostas infrações de Freitas teriam ocorrido no dia 3 de junho de 2024, ocasião em que o Parlamento paranaense foi invadido por manifestantes que protestavam contra o projeto de lei 345/2024, que instituiu o Programa Parceiro da Escola. Em decorrência do ato, a Alep sofreu danos como a quebra de vidros e portas de acesso ao Plenário, o arrombamento do portão principal de entrada e a depredação de cadeiras nas galerias. As representações acusam Freitas de ter incitado a ocupação do Plenário e impedido o exercício regular do Poder Legislativo.

O parecer de Huçulak conclui que as condutas ferem os incisos II, IV, V e IX do artigo 271 do Regimento Interno da Assembleia Legislativa – que estabelecem como incompatíveis com a ética e o decoro parlamentar atitudes como a infração das regras de boa conduta nas dependências da Alep, o uso de expressões atentatórias ao decoro parlamentar, a prática de ofensas a qualquer pessoa, o desacato a outro parlamentar e o abuso das prerrogativas constitucionais.

“As falas proferidas pelo representado, bem como seus gestos públicos naquela ocasião, evidenciam um claro incentivo à permanência dos manifestantes no interior da Assembleia Legislativa, numa tentativa de inviabilizar não apenas a realização da votação, mas o próprio exercício do debate parlamentar”, afirmou a relatora. “Enquanto outros deputados, inclusive integrantes de sua própria legenda, buscavam compor uma solução e preservar a institucionalidade do processo legislativo, o representado adotou uma postura de antagonismo, estimulando o agravamento da crise.”

TRAMITAÇÃO - As representações foram protocoladas nos dias 3 e 5 de junho de 2024, tramitando conjuntamente desde 7 de abril. Renato Freitas apresentou sua defesa escrita uma semana depois. O primeiro relator do caso, deputado Moacyr Fadel (PSD), manifestou-se pelo arquivamento das ações em maio.

No entanto, o voto do deputado Marcio Pacheco (PP), favorável à continuidade do processo, foi o vencedor. Ele sugeriu a reclassificação da pena – que passou de perda de mandato para suspensão de prerrogativas parlamentares. Com a exigência de um novo relatório e a desistência de Fadel da função, o caso acabou redistribuído para Huçulak.

Na sequência, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar ouviu testemunhas de defesa. Freitas reforçou que há um inquérito policial que investigou o caso e identificou todos os envolvidos na manifestação. “Nenhuma dessas pessoas sou eu, nem fazem parte do meu gabinete ou do meu círculo de amizade, e eu nem sequer as conheço”, afirmou. Em relação à acusação de incitação à invasão, o parlamentar declarou que “se comprovou sobejamente nos autos, por provas de vídeo, fotografia e testemunhais, que apenas informei os manifestantes sobre o procedimento em relação à votação do projeto de terceirização das escolas. E isso, obviamente, não pode e não deve configurar nenhum crime, senão seria limitar, censurar e criminalizar a atuação parlamentar.”

Na ocasião, três testemunhas prestaram depoimento sobre o caso, entre elas o delegado Guilherme Maurício Wall Fagundes, responsável pela condução do inquérito que apurou os fatos. Ele afirmou que, tanto pelas imagens quanto pelos depoimentos das pessoas envolvidas, não foi identificada a participação do parlamentar na invasão ou incitação dos manifestantes contrários ao projeto.

Por fim, o presidente do Conselho de Ética, deputado delegado Jacovós (PL), avaliou que a tramitação das representações deu amplo espaço para a manifestação de Renato Freitas. “Na citação inicial, já pedimos a ele para arrolar testemunhas e solicitar perícias. Depois fizemos uma segunda citação e permitimos que o advogado de defesa falasse durante a sessão, o que não é permitido”, ressaltou. “No Conselho de Ética, prezamos pela ampla e legítima representação de todos os deputados, com ampliação do direito de defesa.”

No início de agosto, os integrantes da Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia (CCJ) decidiram pela suspensão das prerrogativas parlamentares de Renato Freitas, conforme decisão do Conselho de Ética. O parecer do deputado Soldado Adriano José (PP), que não conheceu o recurso interposto por Freitas, rejeitou a preliminar de prescrição e reconheceu a regularidade formal do processo disciplinar. O voto foi aprovado com divergência: os deputados Arilson Chiorato (PT), Luiz Claudio Romanelli (PSD) e Ana Júlia (PT) votaram contra, e o deputado Alisson Wandscheer (SD) se absteve.

Com informações de: Assembleia Legislativa do Paraná.

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