Ciro Gomes anuncia saída do PDT e avalia ida para PSDB ou União Brasil
Ex-ministro busca espaço de oposição ao campo lulista e construção de alternativa ao PT em 2026
Publicado: 18/10/2025, 10:53

O ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes comunicou nessa sexta-feira (17) à direção nacional do PDT que está deixando o partido, ao qual esteve filiado desde 2015. Segundo informações confirmadas por interlocutores próximos, Ciro entregou uma carta de desfiliação ao presidente da sigla, Carlos Lupi, encerrando uma trajetória de quase uma década no partido que o abrigou em duas candidaturas presidenciais.
Ciro avalia agora duas possíveis filiações: o PSDB, legenda pela qual se elegeu governador do Ceará em 1990, e o União Brasil, partido que tem se posicionado como uma das principais forças de oposição ao governo do presidente Lula. O ex-governador e ex-ministro busca de um novo espaço político, mais distante do campo lulista e com discurso de reconstrução nacional.
De acordo com aliados, o ex-ministro pretende construir uma alternativa política ao PT nas eleições de 2026, seja como candidato ou como articulador de uma frente de centro ou centro-direita. Em agosto, Ciro participou em Brasília do evento que anunciou a federação entre União Brasil e PP, movimento interpretado como um sinal de aproximação com esse grupo político.
No Ceará, o União Brasil já conta com a presença de um dos principais aliados de Ciro, o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio, que também deixou o PDT neste ano.
Críticas ao PDT e distanciamento do governo Lula
Em declarações recentes, Ciro vinha demonstrando descontentamento com os rumos do PDT, especialmente após o partido aderir à base do governo Lula no plano federal e no Ceará. O ex-ministro chegou a afirmar estar "infeliz" com essa aproximação e criticou publicamente o tratamento dado a Carlos Lupi durante a crise no INSS, que resultou na demissão do pedetista do Ministério da Previdência.
Crítico habitual do governo petista, Ciro intensificou o discurso de oposição nos últimos meses, acusando o presidente Lula de "repetir os erros do passado" e de promover o que chama de hegemonia política artificial no campo progressista.
Da força nacional ao desgaste
A saída de Ciro marca o fim de um ciclo no PDT. Nas eleições de 2018, ele obteve 12,5% dos votos válidos, o melhor desempenho da legenda desde Leonel Brizola em 1989, e impulsionou o partido a eleger 28 deputados federais, a maior bancada em décadas.
Mas o cenário se deteriorou em 2022, quando o pedetista conquistou apenas 3% dos votos e a bancada do partido caiu para 17 deputados, seu pior desempenho desde a redemocratização.
Nos bastidores, pedetistas avaliam que a relação entre Ciro e Lupi se desgastou de forma irreversível após a campanha de 2022, marcada por divergências estratégicas e pela resistência do ex-ministro em apoiar Lula no segundo turno contra Jair Bolsonaro.
Reaproximação com os tucanos
O PSDB surge como outro possível destino para Ciro, que mantém boa relação com o ex-senador Tasso Jereissati, figura influente no partido e aliado histórico no Ceará. Tucanos próximos a Tasso veem com simpatia a volta do ex-governador, que poderia ajudar a reconstruir o espaço político do PSDB no Nordeste.
Embora tenha cogitado se afastar da política após o fraco desempenho em 2022, Ciro Gomes dá sinais de que pretende seguir ativo no debate nacional. Pessoas próximas afirmam que ele busca um novo campo de atuação, mais pragmático e menos dependente da esquerda tradicional.
Com informações do Congresso em Foco