Chuvas irregulares marcam início de dezembro e elevam risco às lavouras
Volumes seguem desuniformes no país, com estiagem mais severa no Sul e impacto direto sobre soja e milho
Publicado: 01/12/2025, 18:52

O Brasil inicia dezembro sem o retorno das chuvas regulares esperadas para o período. A avaliação é do agrometeorologista Marco Antonio dos Santos, da Rural Clima, que alerta para a persistência de volumes irregulares e para a manutenção dos riscos sobre as lavouras de soja e, sobretudo, de milho.
Uma frente fria que cruzou o Rio Grande do Sul no fim de semana trouxe somente precipitações dispersas, insuficientes para alterar o quadro. “Foram chuvas muito irregulares, como a gente já havia comentado, e isso trouxe uma preocupação gigantesca, já que várias regiões registraram volumes baixos”, explica Santos.
Segundo ele, o impacto tende a atingir áreas já sensíveis pelo excesso de calor e pela deficiência hídrica acumulada desde novembro.
Instabilidade avança, mas volumes seguem desuniformes
Para o início desta semana, havia expectativa de instabilidade associada a sistemas meteorológicos formados entre Argentina, Paraguai e Uruguai, além de áreas de instabilidade sobre o Brasil. Mesmo assim, os volumes seguem desiguais.
Esse padrão deve se repetir nos próximos dias. O sistema que avança pelo Paraguai nesta terça-feira deve manter o tempo estável no Rio Grande do Sul, mas ainda pode provocar chuva pontual em Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul e no Matopiba.
O reforço da instabilidade é esperado para quarta-feira, quando o sistema ganha força sobre a faixa central do país. “Na quarta-feira esse sistema ganha força sobre a região central e deixa o tempo bastante instável”, afirma.
Chuvas irregulares no Centro-Sul; estiagem persiste no RS
O contraste segue evidente: enquanto o Sul volta a secar a partir de quarta-feira, o Sudeste, o Centro-Oeste e parte do Norte devem registrar precipitações, ainda sem distribuição uniforme. “Não serão chuvas generalizadas. São pipoquinhos de chuva, manchas irregulares”, detalha Santos.
No Sul, a situação é mais crítica. A previsão indica retorno das chuvas apenas no início da próxima semana, entre os dias 9 e 10, com possibilidade de dois a três dias consecutivos de instabilidade. Até lá, a região enfrenta um período prolongado de estiagem.
O cenário confirma projeções feitas desde agosto sobre os efeitos do desenvolvimento da La Niña.
“A gente deixou muito claro que, quando a La Niña ganhasse intensidade no final de novembro e início de dezembro, haveria possibilidade de estiagem no Rio Grande do Sul. Dito e feito.”
Retomada gradual das chuvas no Sul após metade de dezembro
Apesar da irregularidade no início do mês, Santos afirma que o padrão não deve persistir durante todo o verão. Segundo ele, há tendência de retorno gradativo das chuvas ao Sul na segunda quinzena de dezembro, embora ainda de forma irregular. Modelos europeu e americano convergem para esse comportamento.
Para o agrometeorologista, dezembro será marcado por precipitações frequentes, mas distribuídas de forma errática — cenário que exige monitoramento constante das condições climáticas e das lavouras.
Paraguai: instabilidade avança e traz alívio parcial às lavouras
Imagens de satélite mostram áreas de instabilidade entre o norte da Argentina e o Paraguai, que devem avançar entre hoje e amanhã e provocar chuvas em grande parte da região, segundo alerta agroclimático da Rural Clima.
Os volumes serão irregulares, com destaque para o extremo sul paraguaio, onde devem variar entre 5 e 20 milímetros — ainda assim fundamentais para manter as lavouras até o retorno mais significativo previsto para 9 e 10 de dezembro.
A meteorologista Ludmila Camparotto destaca possibilidade de precipitações mais intensas de forma pontual, especialmente em áreas do Chaco, que deve receber volumes melhores que a região de Itapúa. Modelos indicam chance de chuva entre esta tarde e a madrugada em municípios como São Cristóvão, Santa Rita e Campo 9, com leve queda de temperatura.
As instabilidades dependerão do avanço do sistema que organiza a umidade sobre o país. Após a janela de precipitação entre hoje e amanhã, um novo sistema deve atuar entre os dias 10 e 15, principalmente no leste paraguaio.
Com informações de: Agrofy News.





















