Preço do leite despenca pelo oitavo mês e aperta margem do produtor | aRede
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Preço do leite despenca pelo oitavo mês e aperta margem do produtor

Queda acumulada em 2025 já passa de 21%, com excesso de oferta, estoques elevados e custos ainda pressionando a rentabilidade no campo

Leite sendo extraído da vaca
Leite sendo extraído da vaca -

Publicado por João Victor Lourenço

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O preço do leite pago ao produtor caiu pelo oitavo mês consecutivo na Média Brasil.

Segundo levantamentos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP, o leite captado em novembro foi negociado a uma média de R$ 2,1122 por litro, queda de 8,31% frente a outubro de 2025 e de 23,3% em relação a novembro de 2024, em termos reais, valores deflacionados pelo IPCA de novembro de 2025. 

Com esse resultado, os preços acumulam retração real de 21,2% na parcial de 2025. As sucessivas baixas no campo refletem, principalmente, o elevado nível de abastecimento do mercado.

Em 2025, a oferta de lácteos aumentou de forma significativa. O Cepea projeta que o ano se encerre com alta média de 7% na captação industrial, alcançando um recorde de 27,14 bilhões de litros. 

Dados do Cepea que mostram a projeção
Dados do Cepea que mostram a projeção |  Foto: Divulgação
  

A produção de leite cru foi favorecida pelos investimentos realizados em 2024 e pelas condições climáticas mais favoráveis ao longo de 2025, que estimularam a produção no Sudeste e no Centro-Oeste e limitaram a queda sazonal no Sul neste período do ano. 

De outubro para novembro, o ICAP-L (Índice de Captação de Leite) avançou 1,61% na Média Brasil, acumulando alta de 15,9% no ano.

Importações elevadas e exportações em queda reforçam pressão 

A disponibilidade de lácteos no mercado interno também segue reforçada pelas importações. Embora tenham registrado queda de 14,8% em novembro, os volumes permanecem elevados.

Na parcial do ano, foram internalizados quase 2,05 bilhões de litros em equivalente leite (Eql), apenas 4,8% abaixo do registrado no mesmo período de 2024 — ano que bateu recorde de importações. 

Na outra ponta, as exportações recuaram 33% na comparação anual, somando 62,4 milhões de litros Eql na parcial do ano. 

Estoques elevados pressionam derivados e margens da indústria 

Agentes de mercado relatam aumento expressivo dos estoques de lácteos, tanto na indústria quanto nos canais de distribuição. Com o mercado abastecido, as negociações de derivados seguem pressionadas, comprimindo as margens dos laticínios. 

Levantamento do Cepea, com apoio da Organização das Cooperativas Brasileiras, mostra que, em novembro, queijo muçarela, leite UHT e leite em pó negociados no atacado paulista registraram desvalorizações de 3,7%, 11,1% e 2,9%, respectivamente, em termos reais. As médias passaram para R$ 28,99/kg, R$ 3,59/litro e R$ 28,57/kg, nessa ordem. 

Custos sobem e rentabilidade do produtor encolhe 

Com o repasse das quedas dos derivados ao preço do leite cru, a receita do produtor segue se estreitando, ao mesmo tempo em que os custos de produção mantêm trajetória de alta. 

Embora o preço da ração tenha recuado 0,63% em novembro, o custo operacional efetivo (COE) avançou 0,22%, puxado pela valorização de outros insumos.

A alta do milho também deteriorou o poder de compra do produtor: em outubro, foram necessários 28,4 litros de leite para adquirir uma saca de 60 quilos do grão, aumento de 7,1% frente a setembro e de 2,3% em relação à média dos últimos 12 meses (27,8 litros). 

Os resultados reforçam um cenário de perda de rentabilidade no campo e de cautela crescente nos investimentos, o que tende a provocar uma desaceleração gradual da produção nos próximos meses.

Com informações: Agrofy News

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