Diretora e professora investigadas por amarrar criança autista são indiciadas na RMC | aRede
PUBLICIDADE

Diretora e professora investigadas por amarrar criança autista são indiciadas na RMC

Investigação aponta que crianças eram amarradas a cadeiras e, em alguns casos, medicadas para evitar reações

Menino foi encontrado amarrado a uma cadeira, em uma escola de Araucária
Menino foi encontrado amarrado a uma cadeira, em uma escola de Araucária -

Publicado por Lucas Veloso

@Siga-me
Google Notícias facebook twitter twitter telegram whatsapp email

A diretora e proprietária de uma escola particular em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), e uma professora foram indiciadas pela Polícia Civil pelo crime de tortura. Ambas respondem por episódios em que crianças, incluindo um menino autista de 4 anos, foram amarradas a cadeiras como forma de punição. Somando as penas envolvendo diferentes vítimas, a condenação pode chegar a 11 anos de prisão.

O caso revisitou no dia 7 de julho, quando o Conselho Tutelar e a Guarda Municipal flagraram o menino, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nível 3, também conhecido como autismo severo, amarrado no banheiro da instituição.

A situação levou a novas denúncias contra a escola. A professora foi autuada em flagrante, mas a Justiça determinou a soltura dela, com uso de tornozeleira eletrônica e prisão domiciliar. A diretora, investigada por possível omissão, continua em liberdade.

De acordo com depoimentos de testemunhas, a diretora orientava professores a adotar condutas abusivas. As investigações apontam cinco vítimas diferentes, que teriam sido punidas semelhantemente: amarradas, deixadas presas em cadeiras no banheiro e, em alguns casos, medicadas para evitar qualquer tipo de reação.

Relatos de ex-funcionários e familiares

Em entrevista à repórter Beatriz Frehner, da RICtv, uma ex-funcionária, que preferiu não se identificar, contou que trabalhou no local por cerca de seis meses e presenciou diversas situações de negligência por parte da diretora.

“Várias vezes ela pegava a criança no colo, levantava e simplesmente jogava no chão. Toda vez que eu tentava pegar a criança, ela falava que eu não podia chegar perto, mesmo com o aluno chorando. Teve um dia que eu não aguentei, peguei e acalmei a criança, porque essa é uma das situações que eu não admito na minha profissão”, disse a testemunha.

Outro caso foi relatado por uma mãe, que afirmou ter recebido da diretora um laudo informando que o filho era autista. No entanto, a avaliação foi feita com testes que não são regulamentados pelo Ministério da Saúde.

“Levamos a um neurologista e descobrimos que aquele laudo não existia. O teste aplicado por ela [diretora] não condiz com o teste que realmente é feito para chegar nesse diagnóstico. Mais de um ano depois, soubemos que meu filho, na verdade, tinha deficiência intelectual leve. Mas acreditamos nela na época”, contou a mãe do aluno, que também preferiu não ser identificada.

Com a repercussão do caso, surgiu ainda mais um flagrante. Uma menina precisou ficar sentada, com as mãos amarradas, e foi obrigada a permanecer quieta como forma de punição. O pai da criança afirmou que a filha chegava em casa abatida.

“Minha filha estava amarrada, praticamente dopada. Ela chegava em casa e só dizia: ‘papai, a profe bateu’. Quando íamos questionar a diretora, ela respondia ‘sou psicóloga, pedagoga, eu sei de tudo’. Agora apareceu a verdade”, disse o pai em entrevista à RICtv.

Diretora da escola coloca responsabilidade nas professoras

Em depoimento à Polícia Civil, a diretora da escola se eximiu de culpa e jogou a responsabilidade para as professoras.

“Na hora peguei e mandei mensagem no grupo pedindo explicações. A gente nunca, em quatro anos, fez algo parecido com isso. As meninas que mandei embora da escola foi porque elas não tratavam as crianças da forma correta”, disse.

A diretoria também destacou que as crianças “comiam muito bem”. “A gente, inclusive, jogava muita comida fora”, completou.

Com informações de Banda B, parceira do Portal aRede.

PUBLICIDADE

Conteúdo de marca

Quero divulgar right