Arte transforma o dia a dia em comunidade terapêutica de Carambeí | aRede
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Arte transforma o dia a dia em comunidade terapêutica de Carambeí

Projeto ‘Cultura Viva Rainha da Paz’ tem como objetivo contribuir para a recuperação e reinserção social de dependentes químicos através de oficinas de arte e espetáculos teatrais

o projeto Cultura Viva Rainha da Paz vem oferecendo oficinas gratuitas de artes visuais
o projeto Cultura Viva Rainha da Paz vem oferecendo oficinas gratuitas de artes visuais -

Publicado por Iolanda Lima

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Na Comunidade Terapêutica Rainha da Paz, localizada em Catanduvas, região rural de Carambeí, a arte é utilizada como uma poderosa ferramenta de redescoberta pessoal e transformação social. A entidade atua na recuperação e reinserção familiar e social de dependentes químicos e, através do projeto ‘Cultura Viva Rainha da Paz’, os acolhidos estão tendo a oportunidade de participar de oficinas gratuitas de artes visuais, de artes cênicas e de literatura, além de assistirem a espetáculos de teatro. A iniciativa cultural e educativa foi aprovada pela Secretaria de Estado da Cultura do Governo do Paraná para receber recursos através da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), do Ministério da Cultura, Governo Federal. As ações são realizadas em parceria com o Grupo Dia de Arte e tem produção executiva da ABC Projetos Culturais.

Para a coordenadora do projeto, Denise Dias Rodrigues, a arte tem sido uma verdadeira ponte de cura na Rainha da Paz. “Quando trabalhamos com teatro, muita gente percebe que a vida também é uma arte, cheia de sentidos e possibilidades. O teatro abre espaço para que eles coloquem para fora sentimentos, medos e lembranças. Ele também ajuda a conversar mais, a se aproximar dos outros, a se perceber como alguém que importa. A arte traz calma, esperança e faz brotar uma vontade nova de continuar vivendo e construindo a própria história”, enfatiza.

Denise lembra que a região rural de Catanduvas é historicamente carente de ações culturais e esse primeiro contato com a arte tem transformado os acolhidos na comunidade terapêutica. “Aqui, na zona rural, quase não chegavam ações culturais e muitos sonhavam com isso há anos. Ver o teatro chegando até aqui significou abertura, respeito e um olhar de cuidado para quem mora na comunidade e para quem está acolhido. A arte fez a gente respirar um pouco melhor”, garante. Ela acrescenta que os próprios acolhidos comentam que a sensação de rejeição e discriminação diminuiu bastante. “O que a gente vê é que o teatro trouxe um ânimo novo, deu força, motivou muita gente que antes estava desanimada. Eles mesmos contam que, depois das oficinas e das peças, começaram a perceber que têm valor, que não estão esquecidos, que fazem parte de algo importante. A arte deu um significado para a vida deles. Eu vi alegria nascer de novo”, reforça.

Arte que transforma e leva à reflexão

Como parte das ações do projeto, a Comunidade Terapêutica Rainha da Paz reuniu os acolhidos, familiares, amigos e a comunidade para assistir a um espetáculo de teatro do Grupo Dia de Arte no último domingo (16). Para essa apresentação, foi escolhida a peça ‘Querem acabar comigo’, escrita e encenada pelo ator David Dias, que traz reflexões sobre racismo e desigualdade. Repleto de simbolismos, o enredo retrata a morte simbólica de um artista negro que, ao mesmo tempo que denuncia o preconceito da sociedade em que vive, também celebra sua identidade e origens.

David é um dos diretores do Grupo Dia de Arte e acredita que discutir o racismo dentro de uma instituição que atua na recuperação e reinserção familiar e social de pessoas que enfrentam problemas com drogas e álcool é essencial. “Depois da apresentação, um dos acolhidos, um homem negro, contou o quanto foi forte para ele assistir à peça. Ele falou sobre como a discriminação contra usuários de drogas negros é muito mais pesada do que contra usuários brancos. E isso é uma realidade que não dá para ignorar”, revela.

Ele destaca que a instituição acolhe pessoas que já chegam fragilizadas por vários motivos e muitos deles carregam também feridas causadas pelo preconceito racial. “Por isso, discutir racismo aqui dentro não é só importante, é urgente! É dar nome às coisas. É permitir que eles se vejam, se reconheçam, entendam que há um sistema que age diferente sobre cada corpo. É criar espaço para que essas dores sejam faladas e compreendidas. A arte ajuda a abrir essas feridas com cuidado, e depois costura com reflexão, afeto e consciência”, salienta.

Cultura Viva Rainha da Paz

Com uma proposta multidisciplinar, o projeto Cultura Viva Rainha da Paz vem oferecendo oficinas gratuitas de artes visuais, artes cênicas e literatura desde junho. As ações também foram estendidas à Escola Limpo Grande (ensino fundamental I) e à Escola Darlene de Jesus (ensino fundamental II), ambas de zona rural, localizadas próximas à comunidade terapêutica. Nessas instituições de ensino, estão sendo ministradas atividades formativas sobre a história do teatro, destinadas a crianças e adolescentes, estimulando a curiosidade e o envolvimento cultural desde a infância. 

Além das oficinas, o projeto prevê ainda apresentações teatrais gratuitas realizadas pelo Grupo Dia de Arte, durante eventos comunitários promovidos na própria comunidade terapêutica. As peças atendem a diferentes faixas etárias e abordam desde temas lúdicos até questões sociais sensíveis, promovendo a formação de novas plateias e o debate sobre temas relevantes. As apresentações foram destinadas ao público adulto, houve atividades recreativas para as crianças, com brincadeiras, contação de histórias e outras atividades adequadas para a idade organizadas por recreadores. 

Com informações de assessoria de imprensa 

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