Dois novos Contornos devem criar a 'Linha Verde' de Ponta Grossa
Serão 42,35 km com duas faixas em cada sentido, começando no trevo da BR-376 com a BR-373, chegando até a fábrica da Cargill, na Rodovia do Café
Publicado: 09/08/2025, 14:34

Enquanto a triplicação da BR-376 segue sendo debatida, a concessão do ‘Arco Norte de Ponta Grossa’ já é uma realidade. Esta é uma das mais importantes obras recentes da cidade, com 42,35 km de pistas duplicadas entre o Contorno Norte, que liga a BR-376 com a BR-373, e o Contorno Leste, que conecta a BR-373 com a PR-151, chegando ao fim do contorno na saída da BR-376, na região do bairro Cará-Cará.
A obra faz parte do pacote previsto no Lote 3 – que prevê R$ 16 bilhões de investimentos, sendo R$ 1,6 bilhão somente para os Contornos, conforme valores divulgados pela ANTT, e será executada pela Motiva/CCR PR Vias, com previsão de entrega para o 6º e 7º ano de concessão, que teve início neste ano, 2025. O objetivo do projeto é desafogar as avenidas Souza Naves e Presidente Kennedy, que, segundo informações do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Ponta Grossa (Sindiponta), as duas avenidas contêm um volume de aproximadamente 70% de veículos de carga, sendo as principais commodities agrícola e industrial. As avenidas, próximas ao Centro da cidade, são contidas por um fluxo de caminhões com destino ao Sul do Brasil, como foi dito no início desta matéria.

Segundo a assessoria de comunicação da concessionária, os estudos de trajetos e extensões dos Contornos Norte e Leste estão em andamento. “Seguimos as diretrizes da ANTT e, assim que os projetos estiverem aprovados, as informações serão divulgadas. Trabalhamos para o atendimento do cronograma contratualmente previsto. Participamos da Comissão Tripartite da Rodovia Concedida (CTRC), fórum em que dialogamos com representantes da sociedade civil. Esse é o canal de diálogo e participação da população no acompanhamento das ações da concessão, suas obras e serviços”, afirma.
TRÁFEGO - Em conversa com Edis “Edinho” Moro, presidente do Sindiponta, o mesmo constatou que não existem alternativas de fluxo senão pelas avenidas Souza Naves e Presidente Kennedy. “Não há nenhuma PR ou BR construída nos últimos 20 anos que tenha capacidade de aliviar o tráfego ali”, declara. Segundo Edinho, enquanto o plano privatizado de concessão acontece, é preciso exigir fiscalização da PRF e da Polícia Rodoviária Estadual (PRE), devido à frequência de acidentes graves registrados na região.

Para João Arthur, da FIEP, o principal motivo da obra é o perigo da via para os moradores de Ponta Grossa, devido ao conflito de trânsito de veículos pequenos e caminhões de grande carga. “São constantes acidentes relatados na região, e muitos deles são graves. Todo esse tráfego será contornado por isso. Além do Contorno, as duplicações previstas no planejamento serão entregues a partir de fevereiro de 2027, ou seja, em mais 5 anos, teremos tudo”, afirma.

NOVAS OBRAS - João complementa que, além das concessões nos trechos, há um novo planejamento da construção de uma área de serviços entre os contornos Norte e Leste. “Queremos criar esse espaço para oficinas mecânicas, postos de combustível, restaurantes, entre outros serviços, porque os caminhões que estão viajando pela Souza Naves e Presidente Kennedy vão precisar sair dali. Então, precisaremos de uma área prevista para atender a demanda do usuário das rodovias”, pontua o presidente da FIEP.
Giorgia Bin Bochenek, presidente da Acipg, afirma estar acompanhando cada passo das obras do ‘Arco Norte’, em razão de que a associação ocupa um assento na Comissão Tripartite do ‘Lote 3’. “Isso nos dá possibilidade de cobrarmos sistematicamente a concessionária, a Secretaria de Infraestrutura e Logística e a Polícia Rodoviária Federal”, garante a presidente.
De acordo com Giorgia, a associação mantém uma agenda de reuniões técnicas regularmente com os órgãos responsáveis pela BR-376. “A realidade atual apresenta desafios significativos na convivência nestas vias. As obras do Contorno representam solução estruturante para este problema, ao redirecionar o fluxo dos caminhões para fora do perímetro urbano”, diz. Ainda segundo a presidente da Associação, é fundamental que os projetos sejam acompanhados de ações de planejamento urbano na cidade para evitar futuros gargalos.

FUTURO - Ao consultarmos Luiz Honesko sobre o problema indicado ao olhar o futuro da cidade, o secretário responsável pela Infraestrutura do município afirma que há planos para a municipalização destas vias a partir de 2032, ano seguinte ao término da concessão de obras do Arco Norte. “Elas deixarão de ser meros corredores de tráfego para se tornarem eixos logísticos internos e, no futuro, uma Linha Verde para Ponta Grossa. Nossa gestão já está engajada no planejamento para definir as intervenções necessárias de desenvolvimento”, declara.

Segundo informações concedidas pela PRF, é a partir da 'devolutiva’ das obras a partir do 6º e 7º ano que os trechos da rodovia voltam para o poder público. “Então, todos os projetos, a partir da entrega das obras no trecho, ficam por conta do DNIT. A Souza Naves e a Presidente Kennedy também”, diz Luis Berteli.
A partir da semana seguinte, as discussões sobre a proposta de um planejamento de triplicação dos trechos da rodovia BR-376 devem seguir com os representantes do município na Acipg, como comunicado pelo secretário de Estado Sandro Alex. Já as obras da concessão dos Contornos Norte e Leste podem ser acompanhadas no ‘Observatório dos Pedágios’, aplicativo desenvolvido pela FIEP.