Aluna de 66 anos aprovada no TCC na UEPG viraliza nas redes
A postagem viralizou e já conta mais de um milhão visualizações, duas mil repostagens e 64 mil comentários
Publicado: 04/11/2025, 15:33

A história da Margareth Haas, acadêmica do último ano de Serviço Social da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), viralizou nas redes sociais após uma publicação de um dos seus netos. “Minha vó hoje. Aos 66 anos, tirou 10 no TCC da Faculdade”, escreveu Kauan Leitão junto de uma foto. A postagem viralizou e já conta mais de um milhão visualizações, duas mil repostagens e 64 mil comentários. Também virou print e foi parar em várias páginas de notícias.
Quando viu a repercussão, ela ficou preocupada. Afinal, sua verdadeira nota no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) foi 7,5 – e não 10, como seu neto havia entendido inicialmente. Mesmo com a diferença da nota em relação ao que foi divulgado inicialmente, a trajetória de Margareth dentro da UEPG mostra um caminho de dedicação e foco. Afinal, ela já havia iniciado seus estudos em Serviço Social em 1990, época em que o curso era integral, e, por isso, não conseguiu conciliar os estudos com o trabalho. “Ficou aquele sonho guardado”. Em 2019, Margareth é aprovada para assumir um contrato temporário e trabalhar na zeladoria da UEPG. Já em 2021, ela conseguiu passar no vestibular e voltou a viver seu sonho.
Minha vó hoje
— k (@sp11eke) October 27, 2025
Aos 66 anos
Tirou 10 no tcc da faculdade. pic.twitter.com/W5lCvU5Z9Z
O início dos estudos
Depois da aposentadoria, Margareth pensou: “eu tenho que fazer alguma coisa da minha vida”. Inicialmente, ela buscou o Ensino a Distancia (EaD), mas não se adaptou. Então, procurou o cursinho pré-vestibular da Paróquia Imaculada Conceição, estudou e conseguiu entrar para a UEPG. “Quando eu passei no vestibular, eu falei: não vou trabalhar mais. Agora vou estudar e ser uma assistente social”, recorda Margareth.
Durante o seu tempo de curso, o estágio obrigatório reservou uma bela lembrança – o Processos Migratórios e Intercâmbio: Inclusão Social e Diversidade Cultural (Promigra). Durante o tempo como estagiária, Margareth prestou assistência para os imigrantes, realizando encaminhamento para CRAS e CREAS, apresentação de políticas públicas e aulas de português em que o profissional de serviço social atua como monitor.
“Você vê eles aprendendo a língua portuguesa, porque eles querem arrumar trabalho, eles precisam vencer essa barreira do idioma. E eles são bastante dedicados também”, explica Margareth. Além do Promigra, o Projeto Rondon foi um dos grandes incentivadores de Margareth dentro da Universidade – tema que, inclusive, se tornaria o foco do seu TCC. Em 2024, Margareth participou da Operação Rondon Paraná em Reserva do Iguaçu (PR). “Eu me inscrevi sem expectativa. Eu pensava que estava muito idosa para essas coisas”, explica.
Ao viver essa experiência que aproximou a teoria da prática, Margareth ficou encantada. Ela conseguiu enxergar a vulnerabilidade social nas comunidades e encaixar o serviço social nessa realidade. Ao retornar, Margareth já estava decidida a trabalhar esse tema no TCC, o que gerou o trabalho A importância do Projeto Rondon para a formação profissional universitária. “Você vai levar o teu conhecimento para essas comunidades, mas aprende muito mais com as pessoas que estão lá”, conta Margareth.
O empurrão do neto
A repercussão nas redes sociais iniciou com uma mensagem de Margareth no grupo da sua família: “TCC aprovado”. Quando o neto de Margareth, Kauan, postou em suas redes sociais, eles não esperavam toda a repercussão. “Eu postei só porque achei a foto linda. Ela parecia transparecer uma mensagem por si só e eu só queria mostrar para os meus amigos de redes sociais”, conta. “Agora, a família está muito feliz e estamos muito orgulhosos com a formação dela. Uma mulher batalhadora, como ela, trabalhadora e dedicada vencendo e conquistando aquilo que quer é lindo de se ver”, conta Kauan.
Ao ver a repercussão da postagem, Margareth estava preocupada com a nota incorreta e procurou o neto. “Filho, como podemos tratar isso? Ele falou: ‘vó, largue mão’. Aí eu pensei que, realmente, o mais importante é incentivar as pessoas que ficam com vergonha por causa da idade”, conta. O neto Kauan, que gerou a repercussão, comemora a conquista da avó: “Ainda mais nos tempos atuais, em que tantas pessoas difamam a imagem da universidade pública. Graças a oportunidade de fazer uma faculdade gratuitamente, ela conseguiu atingir mais uma meta na vida dela”, explica.
Apesar da conquista e da proximidade da conclusão do curso, Margareth alerta para as dificuldades em voltar a estudar na terceira idade. “As barreiras foram enormes, porque foram 30 anos sem estudar”, conta Margareth. Além disso, ela precisou fazer dois cursos de informática para se acostumar com todas as ferramentas utilizadas em sala de aula, além das dificuldades com a diferença de idade com seus colegas.
Em suas palavras, Margareth sempre faz questão de agradecer a professora Lenir Mainardi, do Promigra, a professora e orientadora de seu TCC, Jussara Bourguignon, e a professora Edina Schimanski, de Extensão. “Para mim foi um 10 e que essa repercussão sirva, não para olharem para a nota, mas como exemplo. O que eu quero deixar é minha mensagem: a vida segue depois dos 60”, defende Margareth.
Família na UEPG
A história da Margareth e sua família se entrelaça com a história da UEPG. Seu filho Allan Leandro Monteiro é técnico de laboratório no Departamento de Física. O outro filho Joao Frederico Monteiro é formado na UEPG, já foi professor na Instituição e hoje trabalha em outro local. A história da família foi contada nessa matéria.
Com informações da UEPG





















