Aplicativo desliga motorista suspeito de dopar passageiras
Motorista recorreu da decisão e advogado fala em 'histeria coletiva' sobre o caso
Publicado: 17/07/2022, 10:13
Motorista recorreu da decisão e advogado fala em 'histeria coletiva' sobre o caso
Um motorista de aplicativo que atua em Curitiba há quatro anos foi desligado da Uber após ser denunciado por uma passageira na plataforma. Na descrição, a mulher afirma que foi vítima de uma dopagem por gás, o que é veemente negado pelo profissional. Sem fonte de renda, o motorista não sabe o que fazer e busca retomar a única fonte de renda.
A denúncia não é nova. Há pelo menos dois meses, viralizaram nas redes sociais relatos de passageiras que teriam sofrido tentativa de sequestro ou estupro após serem dopadas por gás durante as viagens. Os casos são descritos por todo o Brasil. Nos relatos, as passageiras afirmam que passaram mal após ouvirem um barulho de spray.
O motorista, que prefere não se identificar, informou que já ingressou com uma ação judicial contra a Uber. “Como eu não sabia o motivo do desligamento, procurei um advogado. Foi só aí que soube da denúncia. A pessoa diz que pulou do carro e pediu ajuda em um petshop, mas eu garanto que isso nunca aconteceu”, afirmou.
Segundo o motorista, o aplicativo é sua única fonte de renda e as últimas semanas estão sendo extremamente delicadas. “Eu não consigo nem fazer entrevista atualmente. Tenho casa para pagar, carro para pagar e acabo dependendo dos meus pais. É conta, conta e mais conta e não consigo entender o desligamento. Eu só queria que a pessoa provasse o que ela falou”, comentou.
Na ação judicial contra a Uber, o motorista entrou com pedido liminar para retomada do trabalho. A tutela antecipada, porém, foi negada sob a justificativa de necessária investigação. Com 14 mil viagens, o motorista denunciado possui nota 4,8 na Uber. A revolta dele está relacionada a impossibilidade de defesa antes do desligamento.
Histeria coletiva
Para o advogado do motorista, Marco Alcaraz, a denúncia pode ter ligação com uma ‘histeria coletiva’ criada na internet. “Claro que é importante que as denúncias sejam investigadas e levadas a fundo, mas o que a gente tem visto é que todas as denúncias não foram conclusivas no sentido de encontrar produto químico ou criando uma situação de perigo. O que ocorre é que as mulheres estão recebendo as denúncias de forma viralizada, o que causa um pânico e cria situações que não são verdadeiras”, descreveu.
O advogado já entrou em contato com a plataforma para pedir a reintegração. A defesa também apresentou ação por denunciação caluniosa contra a suposta vítima.
A Rádio Banda B entrou em contato com a Uber, que informou que está à disposição para colaborar com as investigações, nos termos da lei.