Última Ceia: arqueólogos descobrem mensagens no Cenáculo, em Jerusalém
Inscrições no hall da Última Ceia, em Jerusalém, ajudaram historiadores a entender quem passou pelo local considerado sagrado para cristãos
Publicado: 20/04/2025, 00:30
Arqueólogos descobriram em Jerusalém inscrições antigas, um brasão austríaco e desenhos nas paredes da sala onde teria ocorrido a Última Ceia, suposta reunião onde Jesus Cristo reuniu apoiadores antes de ser preso e morto, segundo a crença cristã. A pesquisa foi feita por uma equipe internacional de historiadores, da Academia de Ciências Austríaca (OeAW) e a Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA).
De acordo com os historiadores, a maioria das inscrições se tornou visível com o uso de métodos digitais e datam da Idade Média. Nesse período, o Cenáculo — como é chamada a sala onde Jesus teria reunido os seus seguidores — ficava no meio de um monastério franciscano. O estudo recorda que em 1436, o arquiduque Frederico Habsburgo, futuro imperador do Sacro Império Romano, fez uma peregrinação com nobres a Jerusalém.
“Um dos seus companheiros foi Tristão von Teuffenbach da Estíria [região austríaca], da família cujos elementos foram encontrados num desenho da parede do Cenáculo”, detalhou a publicação, fazendo referência ao brasão encontrado no local. “Baseado nos materiais da pesquisa Corpus Vitrearum, projeto de longo prazo da OeAW’s, (…) o emblema pode ser claramente ligado à região estiriana de Murau”.
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Além do brasão, uma inscrição armênia também foi encontrada, traduzida como “Natal 1300”. Essa foi considerada uma das mais importantes descobertas. “Isso pode responder uma questão em debate desde o século 14: O rei da Armênia Het’um II e seu exército vitorioso realmente chegou a Jerusalém depois da batalha de Wādī al-Khaznadār na Síria, em 22 de dezembro de 1299?”.
De acordo com a publicação da Academia de Ciências Austríaca, sim. “A data da inscrição e sua posição alta na parede — típica da nobreza armênia — confirmam isso”, diz o texto.
Ainda segundo a OeAW, um fragmento de inscrição árabe também foi encontrada na sala onde teria ocorrido a Última Ceia. “O texto onde se lê ‘…ya al-Ḥalabīya’ também é de interesse. Baseado no duplo uso do sufixo feminino ‘ya’, os pesquisadores concluíram se tratar de um grafite de uma peregrina da cidade síria de Alepo, fazendo disso um raro traço material de peregrinação feminina pré-moderna”.
PEREGRINAÇÃO AO LOCAL DA ÚLTIMA CEIA - O Cenáculo é considerado um dos lugares mais sagrados também para judeus e mulçumanos. Eles acreditam ser onde o rei bíblico Davi foi enterrado. Dessa forma, o estudo aponta uma diversidade de peregrinadores ao Monte Sião.
A Academia Austríaca aponta a existência de uma série de assinaturas de personagens históricos da Idade Média. “Além da Armênia, Síria e o mundo germânico, há evidências de peregrinos da Sérvia e das terras tchecas”.
Com informações: Metrópoles.