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Acessibilidade para deficientes visuais ganha espaço em teatro

Dramaturgia inclusiva foi utilizada em Ponta Grossa pela primeira vez

A proposta de inserir a dramaturgia inclusiva nesta peça surgiu da produtora Rafaela Prestes
A proposta de inserir a dramaturgia inclusiva nesta peça surgiu da produtora Rafaela Prestes -

Publicado por Iasmin Gowdak

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O teatro em Ponta Grossa vive um momento de bons frutos, com crescimento no número e na qualidade das produções em cena. E a acessibilidade para pessoas com deficiência (PCDs) tem recebido uma atenção especial dos produtores. A presença de intérpretes de Libras nas apresentações tem se tornado mais frequente e a audiodescrição começa também a ganhar espaço, entre outros recursos que garantem a inclusão de PCDs nas plateias.

Entre as novidades está a dramaturgia inclusiva, recurso utilizado de forma inédita em Ponta Grossa no espetáculo ‘Laços no Espelho’, dirigido por Eziquiel Ramos, da Diálogos Culturais, e que encerrou o ano com 19 apresentações e participação em 2 festivais de teatro. Juliana Partyka, da CASA Consultoria para Acessibilidade, é consultora de inclusão neste projeto. Ela explica que parte de elementos básicos de cenário e figurino podem ajudar na inclusão, que não depende necessariamente de uma narração da cena. “Numa audiodescrição tradicional há uma fala ‘o personagem foi para a direita do palco’, mas na dramaturgia inclusiva pode-se pensar em uma pulseira barulhenta ou um sapato com sola de madeira para que o público cego ou de baixa visão consiga identificar a movimentação pelo som”, explica.

O desafio de escrever um texto teatral a partir dos preceitos da dramaturgia inclusiva ficou a cargo do dramaturgo Gabriel Vernek. “Como dramaturgo neste processo de criação, meus ouvidos trabalharam muito mais do que minha voz ou do que os meus dedos”, conta ele. A peça ficcional explora a relação entre um pai idoso, com diversos lapsos de memória, e sua filha muito atarefada, com diversas cenas de afeto e outras cômicas, embaladas por muita música. O enredo surgiu a partir de histórias contadas pelos atores Álvaro Bueno e Vivian Bueno, pai e filha na ficção e na vida real. “Incorporar a acessibilidade para pessoas cegas ou com baixa visão dentro da poética da narrativa foi, de fato, como remontar minhas perspectivas de olhar em volta, ouvir o mundo, entendê-lo com outros sentidos”, comenta o dramaturgo.

A proposta de inserir a dramaturgia inclusiva nesta peça surgiu da produtora Rafaela Prestes, da Inspire Projetos Criativos. “Em 2023 realizamos o 1º Seminário de Acessibilidade Cultural em Ponta Grossa, com a participação de diversos profissionais da área. E foi a partir daí que veio a ideia de trabalharmos este recurso na peça ‘Laços no Espelho’, pensando a inclusão desde a concepção do espetáculo”, conta Rafaela. Segundo ela, a dramaturgia inclusiva começou a ganhar espaço no Brasil recentemente. “Buscamos sempre alinhar nossos projetos à inovação, observando o que se tem feito de novo fora daqui e trazendo novas formas de se produzir arte e cultura em Ponta Grossa”, destaca.

Entre as 19 apresentações da temporada, a peça passou pela Associação de Pais e Amigos do Deficiente Visual (APADEVI) e também pelo CRAS Jardim Paraíso, onde diversas pessoas com deficiência puderam assistir ao espetáculo. Para Trajano Ferreira, presidente da Associação Ponta-grossense de Emancipação das Pessoas com Deficiência (APEDEF), ‘Laços no Espelho’ é interessante porque permite que diferentes públicos se conectem com a história. “Muitos dos nossos residentes não têm muito contato com produções culturais, então foi muito especial essa apresentação, principalmente pela sensibilidade e pela acessibilidade que o espetáculo apresentou durante toda a sua duração”, relatou.

“Esta é uma produção muito especial, pensada em cada detalhe da relação dos atores com o cenário, os adereços, os figurinos, o espaço cênico e a própria plateia. Ao longo de 35 minutos conseguimos falar de intergeracionalidade, etarismo, laços familiares e memória, sempre com muito afeto em cada cena para que o público possa realmente se identificar nestes personagens. E o uso da dramaturgia inclusiva permeou todo o sucesso deste espetáculo, foi um grande acerto termos feito esta escolha”, destacou o diretor do espetáculo, Eziquiel Ramos.

A montagem e circulação da peça ‘Laços no Espelho’ foi viabilizada com incentivo da Lei Paulo Gustavo, com recursos do Ministério da Cultura - Governo Federal e gerido através da Secretaria Municipal de Cultura - Prefeitura de Ponta Grossa.

Com informações de assessoria. 
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