Africanos em PG: influenciadores compartilham cultura e histórias de adaptação
‘Temini’ fala sobre a chegada ao Brasil, desafios e a missão de representar a cultura africana nas redes sociais
Publicado: 13/10/2025, 09:53

Uma verdadeira imersão na cultura africana marcou o episódio do Viver Bem com os convidados Temidayo James Aransiola, economista e professor da UEPG, a sua irmã Tope Aransiola (Jane), jornalista, e a amiga Genifá Teixeira, especialista em trança nagô. O trio, que também é conhecido nas redes sociais como Temini, compartilhou suas experiências de adaptação ao Brasil e o trabalho que realizam para valorizar e divulgar a cultura africana.
A ideia de criar conteúdo começou durante a pandemia, quando os irmãos perceberam que poderia usar a internet para falar sobre suas origens e tradições. “Nós já fazíamos palestras sobre cultura africana em escolas, e resolvemos transformar isso em vídeos e lives. Logo os primeiros conteúdos viralizaram, mostrando choques culturais, curiosidades e o dia a dia de africanos vivendo em Ponta Grossa”, conta James.
Apesar das diferenças de idioma, culinária e clima, os convidados afirmam que foram acolhidos pela cidade. “No começo, até o jeito de se vestir chamava atenção. Eu ia com roupas coloridas típicas e já ouvi gente dizer: ‘Hoje não é carnaval’. Mas aprendi a levar isso com leveza. Hoje, Ponta Grossa é nossa segunda casa”, comenta James com bom humor.
Além do trabalho como influenciadores, James, Jane e Genifá também são empreendedores. Genifá atua com tranças e penteados africanos, promovendo o resgate da identidade negra e o conhecimento sobre essa tradição. “Muitas pessoas perguntavam se podia lavar as tranças, se estragava o cabelo. Então sentimos a necessidade de ensinar, mostrar que o cabelo afro e os penteados fazem parte da nossa história”, explica.
Confira a entrevista completa:
Eles também criaram um e-commerce de moda praia, com estampas inspiradas em tecidos africanos. “Digitalizamos padrões tradicionais e pedimos a uma empresa de São Paulo para produzir o tecido do zero. Hoje, nossas peças já circulam em vários estados do Brasil”, destaca James, orgulhoso.
Com 14 anos vivendo em Ponta Grossa, eles reforçam que o objetivo principal é combater estereótipos e ampliar o conhecimento sobre a diversidade africana. “Muita gente acha que a África é um país só. A Nigéria, por exemplo, tem mais de 250 grupos étnicos, cada um com língua e cultura própria. O continente é múltiplo, e queremos mostrar essa riqueza”, afirmam.
O trio acredita que compartilhar cultura é um ato de aproximação. “É minha cultura, mas eu compartilho. Assim ela deixa de ser algo estranho e passa a ser conhecida”, resume Genifá. Atualmente, o grupo mantém a página @temini.oficial no Instagram e YouTube, com vídeos que misturam humor, curiosidades e reflexões sobre identidade e pertencimento.