População não pode seguir pagando a conta pela má conservação das rodovias de PG
Conselheiro, urbanista também lembra a urgência em investir em novos modais, além da construção de ciclovias
Publicado: 03/12/2025, 10:26

O conselheiro da área do Urbanismo do Grupo aRede, Henrique Wosiack Zulian, explica que a população não pode continuar pagando a conta com a falta de segurança nas rodovias de Ponta Grossa - o debate é referente a uma reportagem especial do Portal aRede sobre o assunto. Para ele, é urgente pensar em outros modais, como as ferrovias, além de infraestrutura para os ciclistas, cada vez mais presentes nas estradas. Por fim, o urbanista solicita que as concessionárias cumpram plenamente os contratos.
Confira abaixo a opinião na íntegra de Henrique, graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), pós-graduado pela Escola da Cidade e mestre na área de Projeto Arquitetônico pela Universidade de São Paulo (FAU-USP). Ele também tem dezesseis premiações em concursos de arquitetura pelo Brasil, inclusive em Ponta Grossa:
"As rodovias dos Campos Gerais são parte fundamental da economia regional, mas essa importância vem acompanhada de uma obrigação inegociável: cumprir o contrato de concessão e garantir segurança. Quando a manutenção é lenta, incompleta ou incapaz de acompanhar o fluxo intenso de veículos, o risco não é teórico - ele aparece em forma de acidentes, feridos e vidas perdidas. Cada buraco não tapado, cada sinalização insuficiente e cada trecho negligenciado se traduz em vulnerabilidade para quem depende diariamente dessas vias. Por isso, mais do que discutir arrecadação ou repasses, é essencial garantir que os serviços e padrões previstos no contrato sejam plenamente entregues. A região não pode continuar pagando a conta com a própria segurança.
Outro ponto crucial, e frequentemente invisibilizado, é a circulação de quem não está em carros ou caminhões: os ciclistas. Em várias áreas da região, o número de pessoas que pedalam para o trabalho, estudo, lazer ou treino é crescente, mas a infraestrutura praticamente não existe. A construção de ciclovias, acostamentos seguros e pontos de apoio é urgente. Uma rodovia bem planejada não é só aquela que permite o fluxo rápido de veículos, mas a que inclui todos os seus usuários. E, no caso dos ciclistas, essa inclusão literalmente salva vidas.
Por fim, olhar apenas para as estradas é continuar apostando em um modelo que está no limite. O custo de manter ônibus, vans escolares e caminhões dependentes exclusivamente do asfalto é cada vez maior - e isso se reflete no preço dos fretes, no desgaste das empresas, nas tarifas e na pressão sobre o poder público. Por isso, é indispensável que o estado, até mesmo para não ficar rendido pelas concessões de estradas, avance para além da pauta rodoviária e volte a investir em novos modais, especialmente trem de carga e passageiros. Não como um plano distante, mas como uma urgência. Países que equilibram a matriz de transporte têm menos custos logísticos, mais segurança e cidades mais conectadas. O Paraná - e especialmente regiões como Ponta Grossa - só tem a ganhar ao retomar esse caminho".
CONSELHO DA COMUNIDADE
Composto por lideranças representativas da sociedade, não ocupantes de cargo eletivo, totalizando 14 membros, a iniciativa tem o objetivo de debater, discutir e opinar sobre pautas e temas de relevância local e regional, que impactam na vida dos cidadãos, levantados semanalmente pelo Portal aRede e pelo Jornal da Manhã, com a divulgação em formato de vídeo e/ou artigo.
Conheça mais detalhes dos membros do 'Conselho da Comunidade' acessando outras notícias sobre o projeto.
OUTRAS OPINIÕES
- ANTT está fazendo 'corpo mole' na fiscalização dos contratos das rodovias?
- Estradas com má conservação também afetam o bem-estar dos animais.
LEIA ABAIXO UM RESUMO DA NOTÍCIA
- O conselheiro Henrique Wosiack Zulian afirma que as rodovias dos Campos Gerais seguem inseguras devido ao descumprimento de contratos de concessão, defendendo manutenção adequada e infraestrutura que garanta a segurança dos usuários.
- Ele destaca a ausência de estrutura para ciclistas, público crescente nas estradas, e defende a criação de ciclovias, acostamentos seguros e pontos de apoio como medidas urgentes para reduzir riscos.
- Zulian reforça a necessidade de o Paraná investir em novos modais de transporte, especialmente ferrovias, para reduzir custos logísticos, ampliar a segurança e diminuir a dependência exclusiva das rodovias.





















