Apagão de mão de obra é um problema de mobilidade e moradia, não só industrial | aRede
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Apagão de mão de obra é um problema de mobilidade e moradia, não só industrial

Henrique Zulian, conselheiro de Urbanismo, defende planejamento integrado de moradia, transporte e serviços para enfrentar risco concreto de "apagão"

Henrique Wosiack Zulian é conselheiro da área de Urbanismo
Henrique Wosiack Zulian é conselheiro da área de Urbanismo -

Lilian Magalhães

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O conselheiro da área do Urbanismo do Grupo aRede, Henrique Wosiack Zulian, afirma que, embora Ponta Grossa tenha avançado na atração de indústrias e na geração de empregos, surgem novos desafios que exigem planejamento integrado.

O debate é referente a reportagem especial do Portal aRede

Para Zulian, o deslocamento não é um problema apenas para quem precisa sair da cidade, mas também para moradores que vivem em regiões afastadas dos polos de emprego. 

Confira abaixo a opinião na íntegra de Henrique, graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), pós-graduado pela Escola da Cidade e mestre na área de Projeto Arquitetônico pela Universidade de São Paulo (FAU-USP). Ele também tem dezesseis premiações em concursos de arquitetura pelo Brasil, inclusive em Ponta Grossa:

"Ponta Grossa vive um paradoxo urbano cada vez mais evidente. Ao mesmo tempo em que se consolida como o maior polo industrial do interior do Paraná, a cidade enfrenta um risco concreto de “apagão da mão de obra”. Hoje, mais de 21 mil pessoas trabalham nas indústrias locais, e a projeção é ultrapassar 25 mil nos próximos anos. Mas o crescimento econômico não tem sido acompanhado, na mesma velocidade, por planejamento urbano e social.

A falta de trabalhadores não é apenas um problema de qualificação. Ela revela uma cidade onde morar perto do trabalho é cada vez mais difícil, o transporte público é lento e concentrado nas regiões centrais, e o tempo total gasto no deslocamento pode até ultrapassar duas horas por dia. Isso impacta diretamente a produtividade, a qualidade de vida e a capacidade de retenção dos profissionais.

Além disso, a má remuneração em muitos postos industriais não acompanha o custo crescente da moradia e da vida urbana. O resultado é um trabalhador que precisa morar longe, gastar mais com transporte e aceitar condições cada vez mais apertadas, o que torna a indústria menos atrativa, mesmo em um cenário de baixo desemprego.

Quando grandes empresas apontam gargalos em transporte, acesso viário, energia e infraestrutura, o que está em jogo é algo maior: a necessidade de pensar a cidade de forma integrada. O núcleo industrial se concentra junto à BR-376 e tende a encontrar dificuldades com o alto tráfego em certos horários. Logo, não basta atrair indústrias; é preciso planejar bairros, mobilidade, habitação e serviços públicos próximos aos polos de emprego.

O desafio de Ponta Grossa, portanto, não é apenas industrial. É urbano. Sem uma cidade que funcione para quem trabalha, cresce a produção, mas falta gente. E esse é um limite que nenhum investimento consegue superar sozinho".

CONSELHO DA COMUNIDADE

Composto por lideranças representativas da sociedade, não ocupantes de cargo eletivo, totalizando 14 membros, a iniciativa tem o objetivo de debater, discutir e opinar sobre pautas e temas de relevância local e regional, que impactam na vida dos cidadãos, levantados semanalmente pelo Portal aRede e pelo Jornal da Manhã, com a divulgação em formato de vídeo e/ou artigo.

Conheça mais detalhes dos membros do 'Conselho da Comunidade' acessando outras notícias sobre o projeto.

OUTRAS OPINIÕES

Ponta Grossa deve se atentar às novas preferências dos trabalhadores

LEIA ABAIXO UM RESUMO DA NOTÍCIA

- Crescimento industrial sem planejamento urbano: Ponta Grossa atraiu indústrias e empregos, mas ainda falta integrar moradia, mobilidade e serviços aos polos produtivos;

- Distância entre casa e trabalho: morar longe das áreas de emprego aumenta deslocamentos, cansaço e custos para os trabalhadores.

- Risco de “apagão” de mão de obra: sem melhorar transporte, habitação e infraestrutura perto das indústrias, fica mais difícil reter trabalhadores e manter a produtividade.

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