Longa viagem: astrônomos rastreiam origem de novo cometa interestelar
Quando foi identificado, o cometa viajava a cerca de 57 km/s. Anteriormente, foram registrados dois objetos vindo de fora do Sistema Solar
Publicado: 10/07/2025, 15:19

Detectado no primeiro dia de julho, o cometa 3I/ATLAS é o terceiro objeto conhecido vindo do espaço interestelar para o Sistema Solar. Diferente dos anteriores, porém, o novo corpo celeste parece ter se originado no disco espesso da Via Láctea.
A descoberta foi liderada pelo astrofísico Matthew Hopkins, da Universidade de Oxford, no Reino Unido. O estudo foi enviado recentemente à revista científica The Astrophysical Journal Letters para ser revisado por pares. Atualmente, o texto está disponível em pré-print no arXiv.
O local de origem do 3I/ATLAS é uma parte antiga e pouco explorada da galáxia. O disco espesso da Via Láctea é uma região mais alta e inflada ao redor do disco principal. Por lá, estão cerca de 10% das estrelas da galáxia, quase todas com mais de 10 bilhões de anos, indicando que o cometa pode ser mais antigo que o próprio Sistema Solar.
Anteriormente, foram registrados dois cometas vindos de fora do Sistema Solar: em 2017, o 1I/’Oumuamua e, em 2019, foi a vez do cometa 2I/Borisov.
COMO FOI O ESTUDO - A equipe liderada por Hopkins utilizou o modelo Ōtautahi-Oxford, que combina dados do telescópio Gaia e modelos de química da galáxia e de dinâmica gravitacional.
- As informações do telescópio Gaia mapeiam as estrelas da galáxia com uma alta precisão.
- Os modelos de química da galáxia e de dinâmica gravitacional possibilitam simular como os objetos se deslocam no espaço.
- A técnica usada pelos pesquisadores permitiu rastrear a trajetória e a velocidade do cometa 3I/ATLAS até sua provável origem no disco espesso.
CARACTERÍSTICAS DO COMETA - Quando foi identificado, o cometa viajava a cerca de 57 km/s. O objeto está em rota para se aproximar do Sol em outubro deste ano, chegando na órbita de Marte, antes de deixar o Sistema Solar novamente. Ele possui entre 10 e 20 km de diâmetro e sua superfície é mais azulada, enquanto a coma – a nuvem de gás e poeira formada ao redor do cometa – é avermelhada.

Segundo os pesquisadores, a velocidade da entrada e a trajetória do 3I/ATLAS indica que o cometa não pode ter a mesma origem que o 1I/’Oumuamua e o 2I/Borisov.
Agora, os cientistas buscam aprofundar os estudos sobre o novo astro para confirmar ou refinar teorias sobre como se formam planetas e cometas em ambientes muito antigos da Via Láctea.
“Objetos interestelares fornecem a oportunidade de obter evidências do processo de formação e evolução planetesimal de uma série de ambientes galácticos, e observações adicionais do 3I/ATLAS nos permitirão restringir e testar as suposições feitas no modelo Ōtautahi-Oxford”, destacam os autores no artigo.
Com informações de: Metrópoles.