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Óleo comum no Brasil está ligado a câncer agressivo, segundo estudo

Estudo revela que o ácido linoleico, presente em óleos comuns, pode estimular o crescimento de câncer de mama

Óleos vegetais como o de soja e o de cártamo foram associados ao câncer de mama
Óleos vegetais como o de soja e o de cártamo foram associados ao câncer de mama -

Publicado Por Milena Batista

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Um tipo de gordura presente em diversos óleos vegetais usados no Brasil, como o óleo de soja, foi associado ao crescimento de um tipo agressivo de câncer de mama. A descoberta vem de um estudo pré-clínico conduzido por pesquisadores da Weill Cornell Medicine, nos Estados Unidos, e publicado na revista Science na última semana.

A pesquisa investigou os efeitos do ácido linoleico, uma gordura do tipo ômega-6 amplamente encontrada em óleos de semente (como o de cártamo e soja) e também em alimentos de origem animal, como carne suína e ovos. Os cientistas observaram que essa substância favorece o crescimento do subtipo de câncer de mama conhecido como triplo negativo, considerado de difícil tratamento por não responder a terapias hormonais.

LIGAÇÃO - Conforme os autores, o ácido linoleico ativa uma importante via de crescimento celular chamada mTORC1, mas esse efeito foi observado apenas em células do subtipo triplo negativo.

O motivo está na interação da gordura com uma proteína chamada FABP5, abundante nesse tipo de tumor, mas ausente nos outros.

A ativação da mTORC1 foi comprovada tanto em culturas de células quanto em testes com camundongos com câncer de mama triplo negativo.

Quando esses animais foram alimentados com uma dieta rica em ácido linoleico, houve aumento dos níveis de FABP5, maior atividade da via mTORC1 e aceleração do crescimento dos tumores.

BIOMARCADOR - O estudo também analisou amostras de sangue e tecidos de pacientes recém-diagnosticadas com câncer de mama triplo negativo, encontrando níveis elevados de ácido linoleico e da proteína FABP5. Segundo os pesquisadores, essa descoberta ajuda a explicar a relação entre gordura alimentar e o desenvolvimento de certos tipos de câncer.

“Essa descoberta ajuda a esclarecer a relação entre gorduras da dieta e o câncer, além de indicar como definir quais pacientes podem se beneficiar de recomendações nutricionais personalizadas”, afirmou o autor sênior do estudo, Dr. John Blenis.

IMPLICAÇÕES - Embora o foco da pesquisa tenha sido o câncer de mama, os cientistas observaram que a mesma via de sinalização FABP5-mTORC1 também pode favorecer o crescimento de subtipos de câncer de próstata. Isso sugere que o impacto do ácido linoleico pode se estender a outras doenças, incluindo condições crônicas como obesidade e diabete, hipótese que ainda está sendo investigada.

O estudo é considerado o primeiro a estabelecer um mecanismo biológico claro que liga o consumo de ácido linoleico ao desenvolvimento de câncer. A partir disso, os pesquisadores apontam que a proteína FABP5 pode ser um biomarcador relevante para orientar intervenções terapêuticas e alimentares, especialmente para casos de câncer que ainda carecem de tratamentos direcionados.

SEM PÂNICO - Segundo Justin Stebbing, professor de Ciências Biomédicas, Universidade Anglia Ruskin, não há motivo para pânico. Ele escreveu um artigo no portal The Conversation sobre o assunto.

"Embora este novo estudo destaque um mecanismo plausível que liga o ácido linoleico ao desenvolvimento do câncer, ele não prova que óleos de cozinha causam câncer de mama – longe disso. Outros fatores, como genética, dieta alimentar e exposições ambientais, desempenham papéis significativos.

Os resultados não justificam a abstenção total de óleos de sementes, mas sugerem moderação e seletividade, especialmente para indivíduos de alto risco. Muitos óleos, como o azeite de oliva, contêm menos ácido linoleico e mais gorduras monoinsaturadas ou saturadas, que são mais estáveis ​​em altas temperaturas.

Considere também como comer mais frutas e vegetais parte de uma dieta saudável e equilibrada", Justin Stebbing, em artigo no site The Conversation

Na avaliação de Stebbing, o estudo ressalta a importância de se contextualizar as gorduras alimentares na pesquisa sobre o câncer. Apesar de o papel do ácido linoleico no câncer de mama triplo-negativo ser uma descoberta importante, essa é apenas uma peça de um complexo quebra-cabeça.

Informações: Olhar digital

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