Cientistas revelam estudo genético sobre peixes abissais da Fossa das Marianas
Mesmo separados por milhões de anos de evolução, peixes que vivem nas maiores profundidades do oceano desenvolveram a mesma mutação genética
Publicado: 01/05/2025, 12:17

A região mais profunda dos oceanos, a Fossa das Marianas, abriga peixes abissais com aparências bizarras e adaptações genéticas surpreendentes. Um novo estudo genético revelou que diferentes espécies de peixes abissais — mesmo tendo evoluído separadamente — desenvolveram a mesma mutação genética para sobreviver a ambientes extremos nas profundezas do oceano.
Os resultados impressionam pela semelhança entre espécies que vivem a mais de 3.000 metros abaixo da superfície, em locais como a Fossa das Marianas, no Oceano Pacífico.
A pesquisa, publicada no dia 6 de março na revista Cell, envolveu a análise de DNA de 11 espécies, entre elas peixes-caracol, enguias-de-crista e peixes-lagarto.
Eeles habitam a zona hadal, uma das regiões mais inóspitas do planeta, localizada a cerca de 6.000 metros de profundidade ou mais.
MESMO GENE, DIFERENTES HISTÓRIAS - O dado curioso do estudo foi a identificação de uma mutação idêntica no gene Rtf1, em todas as espécies que vivem abaixo dos 3.000 metros.
Esse gene é responsável por controlar a codificação e expressão do DNA.
Segundo o autor do estudo, Kun Wang, da Universidade Politécnica do Noroeste, a mutação apareceu ao menos nove vezes em diferentes linhagens de peixes, todas adaptadas ao fundo do mar.
Apesar de essas espécies terem ingressado nas profundezas em períodos distintos — desde o Cretáceo (cerca de 145 milhões de anos atrás) até o Neógeno (há apenas 2,6 milhões de anos) — elas adquiriram a mesma mutação, de forma independente.
Isso mostra o quanto as condições ambientais extremas do fundo do mar podem moldar a evolução de forma semelhante em organismos diferentes.
EVOLUÇÃO CONVERGENTE - O estudo é um caso clássico de evolução convergente, quando espécies diferentes, sem relação direta entre si, acabam desenvolvendo características semelhantes por viverem em ambientes parecidos.
É o que explica o ictiólogo Ricardo Betancur, da Universidade da Califórnia em San Diego, que não participou do estudo. “É um lembrete poderoso de que a evolução frequentemente reutiliza o mesmo conjunto limitado de soluções quando confrontada com desafios semelhantes”, disse ele em entrevista à Live Science.
Segundo os cientistas, essas adaptações envolvem não só mudanças genéticas, mas também estruturas ósseas específicas, alteração dos ritmos circadianos e formas especializadas de percepção — seja por meio de visão altamente sensível à luz ou por outros sentidos não visuais.
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