Presidente da Conafer é preso durante depoimento à CPMI do INSS | aRede
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Presidente da Conafer é preso durante depoimento à CPMI do INSS

Carlos Roberto Ferreira Lopes foi preso em flagrante por falso testemunho na madrugada desta terça. Ele foi solto logo depois, após pagamento de fiança

Carlos Roberto Ferreira Lopes durante depoimento na CPMI do INSS
Carlos Roberto Ferreira Lopes durante depoimento na CPMI do INSS -

Publicado por João Victor Lourenço

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O presidente da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), Carlos Roberto Ferreira Lopes, foi preso em flagrante na madrugada desta terça-feira (30) enquanto prestava depoimento à CPMI do INSS. A ordem de prisão foi dada pelo presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), que acusou Lopes de mentir e ocultar informações sobre suspeitas de fraudes em descontos ilegais de aposentados.

Segundo Viana, Lopes descumpriu o compromisso de dizer a verdade ao colegiado e teria praticado o crime de falso testemunho em pelo menos quatro momentos do depoimento. O pedido foi inicialmente feito pelo deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS).

"Ele mentiu deliberadamente à CPMI desde o início, escondeu informações e tentou nos convencer de que se tratava de uma operação perfeitamente legal, o que não é", afirmou o senador.

Pagamento de fiança

Lopes foi mantido em uma sala no Senado até o pagamento de fiança e acabou liberado por volta das 4h. O relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), anunciou que pedirá a prisão preventiva do dirigente ainda nesta terça-feira, sob a justificativa de que há risco de desaparecimento de recursos desviados.

A Conafer é investigada por participação em um esquema de descontos não autorizados em aposentadorias e pensões. Segundo a Controladoria-Geral da União (CGU), o volume de descontos associativos ligados à confederação chegou a ultrapassar R$ 800 milhões nos últimos anos. Só o braço-direito de Lopes, Cícero Marcelino, teria recebido R$ 140 milhões da entidade, conforme apontou o relator.

Gaspar acusou Lopes de "meter a mão no bolso dos aposentados sem autorização" e comparou o dirigente ao empresário Maurício Camisotti, preso sob suspeita de comandar fraudes semelhantes.

Restituição e bloqueio

Durante a oitiva, Lopes negou envolvimento em irregularidades, embora tenha admitido que não considerava normais as 71 mil reclamações registradas sobre descontos indevidos. Ele garantiu, no entanto, que a Conafer restituiu todos os aposentados que contestaram as cobranças.

O dirigente também alegou que a entidade, fundada para apoiar agricultores familiares, sofre um "lockdown jurídico e financeiro" em decorrência das investigações. "Bloquearam 100% das nossas atividades, colocando mais de 1,2 mil funcionários sem serviço e 2.950 municípios sem atendimento", disse.

Sobre a relação com Cícero Marcelino, Lopes admitiu proximidade, mas declarou desconhecer que ele era dono de empresas beneficiadas por contratos milionários com a Conafer. Também negou vínculos ilícitos entre a confederação e o Terra Bank, fintech vinculada a uma holding em que ambos são sócios.

CPMI amplia pressão

Os parlamentares confrontaram Lopes com auditorias da CGU, relatórios de inteligência financeira e transferências bancárias consideradas incompatíveis com seu patrimônio declarado. Diante de algumas perguntas, ele preferiu permanecer em silêncio, amparado pelo direito constitucional.

Entre os episódios levantados pela comissão, está a suspeita de que a Conafer utilizou nomes de pessoas já falecidas para autorizar descontos em benefícios. Auditorias apontaram mais de 2 mil casos de "ressurreições" apenas em 2023.

Para o relator, o caso revela indícios de formação de organização criminosa, lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito. "Se isso não for lavagem de dinheiro, é melhor fechar a CPMI", disse Gaspar.

As denúncias contra a Conafer ganharam força em 2022, quando o INSS recebeu um ofício relatando milhares de descontos não autorizados em benefícios previdenciários. O faturamento da entidade saltou de R$ 6,6 milhões para mais de R$ 40 milhões justamente no período em que as irregularidades se intensificaram.

Segunda prisão

Esta foi a segunda prisão em flagrante decretada pela CPMI em uma semana. Na última segunda-feira (22), a comissão prendeu preventivamente o economista Rubens Oliveira Costa, por falso testemunho. Ele foi solto após pagamento de fiança.

Nessa segunda-feira (29), a Procuradoria-Geral da República se manifestou pelo arquivamento do inquérito da prisão, entendendo que Rubens estava na condição de investigado e, por isso, não tinha o compromisso legal de dizer a verdade. Carlos Viana informou que vai recorrer da decisão caso o Supremo confirme o arquivamento do caso.

Com informações: Congresso em Foco. 

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