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Filósofo discute avanço da tecnologia e seu impacto na sociedade

Yuri Sócrates explica o conceito de Cyberpunk e a relação com os dias atuais

O Cyberpunk discute a crise de identidade que acompanha o avanço tecnológico
O Cyberpunk discute a crise de identidade que acompanha o avanço tecnológico -

Mariele Alexandra Zanin

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Na última edição do Viver Bem, recebemos o professor e filósofo Yuri Sócrates para uma conversa instigante sobre o universo Cyberpunk e sua relevância nos dias atuais. O bate-papo aconteceu no Lúmen Café, anexo ao Hotel Planalto, que oferece uma experiência gastronômica especial em Ponta Grossa. Partindo da icônica pergunta “Androides sonham com ovelhas elétricas?”, título da obra de Philip K. Dick que inspirou Blade Runner, exploramos as complexidades dessa ficção especulativa e suas conexões com questões filosóficas e sociais contemporâneas.

Para quem não está familiarizado com o gênero, Yuri explicou que a literatura Cyberpunk surgiu no século XX com um olhar crítico sobre a evolução tecnológica e suas consequências para a sociedade. Diferente de outras narrativas futuristas, esse gênero retrata um futuro sombrio, onde a alta tecnologia convive com desigualdades sociais exacerbadas, crises de identidade e isolamento humano.

A reflexão parte da Revolução Industrial, quando autores como H.G. Wells começaram a especular sobre o impacto da indústria na vida humana. No século XX, a ficção científica futurista começa a ganhar contornos mais pessimistas, com obras como as de Philip K. Dick prevendo um mundo em que a linha entre humanos e máquinas se torna cada vez mais tênue.

Uma das grandes questões do Cyberpunk é justamente a crise de identidade que acompanha o avanço tecnológico. “Sentimentos como é viver dentro de um gigantesco meio urbano com um milhão de possibilidades, você pode ser absolutamente tudo que você quiser. Você tem um acesso sem precedentes a informação, mas qual é o impacto que isso traz sobre a tua identidade? Então você diante daquele meio urbano, você se sente às vezes até culpado por não sentir que está alcançando todo o seu potencial. Isso é uma das grandes crises que é denunciada por esse gênero literário”, reflete Yuri.

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Yuri, filósofo, fala sobre como a vida digital influencia o comportamento humano. Diversos autores e obras cinematográficas, tratam do tema e nos fazem refle... | Autor: aRede.info
  

Ele comenta que nesse nosso mundo da tecnocracia, um mundo super desenvolvido em termos tecnológicos, temos uma dependência muito grande da tecnologia, através também do inchaço urbano e crescimento populacional, há um gradativo sentimento de isolamento, solidão e uma crise dolorida de identidade. “Quem será que eu sou? E como posso me sentir alguém nesse mundo tão vasto ao meu redor?”, questiona.

Dessa forma, o filósofo fez uma conexão direta com a realidade dos vestibulandos, que se veem pressionados diante de um mundo de infinitas oportunidades, muitas vezes sem saber qual caminho seguir. “O mundo parece tão vasto que o mais comum é sentir-se perdido”, comentou Yuri. Esse fenômeno não se restringe apenas aos jovens, mas é uma crise existencial que atravessa diferentes faixas etárias.

Quando questionado sobre soluções para lidar com essa crise de identidade e solidão, Yuri reforçou que a filosofia não busca respostas definitivas, mas sim formas de conviver com as questões humanas. “Não se trata de solucionar a crise, mas de aprender a lidar com ela”, explicou.

Ele citou o filme Her (2013), estrelado por Joaquin Phoenix, como um exemplo de como a ficção especulativa reflete a realidade contemporânea. No longa, o protagonista recorre a uma inteligência artificial para suprir sua necessidade de conexão humana, algo que, anos atrás, parecia ficção, mas hoje se aproxima da realidade com a avançada IA conversacional.

O professor afirma que gosta dos produtos Cyberpunk, porque eles trazem um desconforto. “Eles me fazem, antes de mais nada, perceber que eu já vivo numa sociedade que tem vários desses elementos. Mas eles também servem para mim como um antídoto, me ajudam a refletir em que medida que eu estou ou não sucumbindo, por exemplo, a tecnocracia. Achar que a minha vida depende da tecnologia a todo momento”, analisa.

Por fim, Yuri ressaltou a importância da reflexão, do autoconhecimento e da busca por conexões reais em um mundo cada vez mais digitalizado. “As tecnologias trazem muitos benefícios, mas nem tudo aquilo que ela está trazendo é benefício. Temos, sim, malefícios. Vivemos na era mais ansiosa da história da humanidade e tem motivos para isso. Os nossos cérebros não necessariamente foram feitos para agregar tanta informação como queremos agregar todo momento. E não à toa entramos numa combustão interna”, reflete.

A entrevista trouxe uma reflexão profunda sobre como o Cyberpunk transcende a ficção e se torna uma análise crítica da nossa própria existência. Para quem gosta do tema e gostaria de se aprofundar, o Yuri recomenda o filme ‘Blade Runner’, o jogo ‘Cyberpunk 2077’ e o livro ‘Androides sonham com ovelhas elétricas?’.

PRÓXIMO EPISÓDIO - No próximo Viver Bem será abordado o tema 'saúde bucal', com o Dr. Paulo Alberto Abib Slusarz, da Clínica Fisiodontomed. Não perca!

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