Caminhada azul promove conscientização sobre o autismo

O Dia Mundial da Conscientização do Autismo foi celebrado nesta terça-feira (02) com uma caminhada especial pelas ruas de Ponta Grossa. O evento, organizado pela Associação de Proteção aos Autistas (APROAUT), contou com o apoio da Princesa Assistência e outros parceiros como a Prefeitura Municipal de Ponta Grossa.

A caminhada teve início às 9h, em frente à Igreja Sagrado Coração de Jesus e seguiu até o Ginásio Jamal, reunindo famílias, profissionais da saúde, educadores e apoiadores da causa. Durante o percurso, os participantes usaram roupas e acessórios azuis, cor símbolo da conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Faixas e cartazes também destacavam mensagens de inclusão e respeito às pessoas autistas.

Fábio Ângelo, coordenador da Princesa Assistência, estava presente na caminhada e reforçou a importância do apoio a um evento como esse. “Hoje é um dia muito importante porque é o Dia Internacional do Autismo e não somente hoje, mas como todos os dias, é sobre simbolizar o respeito, é levar conhecimento, mostrar mais sobre esse processo, que envolve amor, respeito e dedicação”, reforça Fábio.

Fábio conta que a Princesa assistência está dedicando o mês com palestras a respeito do assunto, com o intuito de levar mais informações para a sociedade. “Nós estamos não somente incentivando, mas trazendo informações durante o mês. E apoiamos outras iniciativas, como o projeto Além da Mesa, o qual o Fabiano coordena e que promove diversas atividades. No esporte, além de apoiar, somos patrocinadores para promover cada vez mais a inclusão social”, completa.

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Fabiano Gioppo, presidente da ONG Além da Mesa, também veste a camisa azul e fala sobre a caminhada. “Hoje é um dia muito feliz por ver todo mundo envolvido, a família, as crianças, adultos, adolescentes e professores também. Isso é importante para que realmente a sociedade entenda sobre inclusão, porque todos fazem parte da sociedade”, completa.

O presidente também destacou o projeto que dá oportunidade para diversas pessoas. “Na ONG Além da Mesa e nos projetos que acontecem no Ginásio Jamal, temos cadeirantes, deficientes visuais, surdos e autistas que participam de diversas modalidades, como o judô, o tênis-mesa, atletismo, xadrez e eles vão muito bem”, conta.

A diretora da APROAUT, Magda Tenório, contou que essa é a 12ª edição da caminhada e a cada ano, a ação ganha força. "A cada ano vai aumentando os parceiros e a gente vem falando sobre essa conscientização da população. Porque o autista ele está em vários espaços, seja nas empresas, nas escolas e é importante para que a população se conscientize que eles têm condições de realizar qualquer coisa desde que assistidos e orientados", enfatiza.

Magda, por fim, deixa uma mensagem para nossos seguidores. “A gente sempre pede respeito. O respeito essencial e o acolhimento também. Hoje vários locais do nosso Brasil, vários monumentos se vestem de azul. Agora, as políticas públicas têm olhado com mais carinho para esta questão. Temos conseguido algumas coisas que antes a gente não tinha, sabe? E tem sido muito importante a partir dessas ações que a gente realiza”, finaliza.

Na caminhada, estava presente a Eliane Richards, mãe do Bruno Richards, que criou a Capivaratípica. Ela nos conta sobre a relação de empatia que o filho criou com a capivara do Lago de Olarias. “A capivara, a típica do Lago de Olarias, ela vive sozinha. E por que ela é atípica? O Bruno é autista. E ele fez esse questionamento. ‘Se ela é sozinha, porque ela não quer estar com o bando ou o bando que acha ela diferente e se ausenta e se afasta ela?’ Então essa reflexão fez com que nós, com que ele desenvolvesse esse desenho levando a capivara para Vila Velha”, detalha.

Hoje há desenhos do Bruno no Lago de Olarias, na Vila Velha, no Buraco do Padre e vários outros pontos turísticos de Ponta Grossa, com o intuito de informar que os autistas estão em todos os lugares, inspirados na capivara atípica do Lago de Olarias. “Por isso que nós criamos a personagem representando as famílias atípicas”, revela a mãe. Junto com eles, estava a Capivaratípica, participando da ação e se disponibilizando para diversos registros com as crianças. A família trabalha com camisetas, canecas, chaveiros e outros itens estampando a Capivaratípica.

Eliane complementou a entrevista, falando da importância da conscientização sobre o autismo. “O movimento autista é importante porque uma mãe só descansa quando o filho está protegido, quando o filho está bem. Mesmo quando eles dormem, a gente não descansa. A luta, a batalha da mãe atípica, vai 24 horas por dia. Então, quanto mais pessoas estiver conscientes, entendendo como eles funcionam, como que é a cabecinha deles e como é uma batalha pessoal, vão entender sobre o apoio também”, finaliza.

Na caminhada, também tivemos a oportunidade de conversar com o JP, que está se formando em psicologia. “Eu sou autista nível 1 de suporte, TDH e de altas habilidades, sou triplamente neurodivergente. Estou me formando em psicologia e trabalhando como psicólogo já nos estágios e é muito gratificante, mas tem muitas dificuldades, né? Tem aquela questão de não conseguir olhar nos olhos, né? Tem aquela questão de socialização, mas que com o tempo você vai se trabalhando e é um trabalho muito bonito”, relata.

JP conta que está fazendo estágio na ONG Além da Mesa. “É muito bonito trabalhar com as mães e com os autistas ali, no trabalho de acolhimento, integração dessas mães, desses autistas, porque eu faço parte também, eu sou um deles, né? Então para mim é muito gratificante, é desafiador, mas é gratificante também”, completa.

Carregando um cartaz colorido, JP explica a mensagem que ele quer passar. “Ele simboliza o amor e a união, como está escrito. Aqui ó, as peças se encaixando na forma de coração simbolizam o amor entre autistas. Então é união entre nós. Porque precisamos nos unir e essa caminhada ela serve para sensibilização e fico feliz pela sociedade ter pessoas como eu como exemplo”, diz.

Com a grande participação da comunidade e do Portal aRede, a ação reforçou a necessidade de ampliar o debate sobre o autismo e promover iniciativas que garantam mais inclusão e qualidade de vida para as pessoas dentro do espectro.