Crônicas dos Campos Gerais: Teorema de Pitágoras | aRede
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Crônicas dos Campos Gerais: Teorema de Pitágoras

Texto de autoria de Márcia Derbli Schafranski, professora universitária aposentada, Especialista e Mestre em Educação pela UEPG e Suficiente Investigadora pela Universidade de Extremadura, na Espanha, residente em Ponta Grossa, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais

A Crônica da semana é de autoria de Márcia Derbli Schafranski.
A Crônica da semana é de autoria de Márcia Derbli Schafranski. -

Publicado por Camila Souza.

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Numa pequena fazenda situada em Ivaí, juntamente com sua família, vivia um agrônomo que cultivava a terra e criava pequenos animais. Quando a filha mais velha, Laura, terminou o curso primário, ele e a esposa acharam por bem que ela fosse morar com os avós em Ponta Grossa, para dar continuidade aos estudos. A princípio, a menina relutou, pois estava acostumada à vida no campo, a assistir ao pôr do sol, refletido nas águas do pequeno lago da fazenda e ao convívio com os irmãos menores. Finalmente, foi convencida, sob a promessa de poder passar todos os finais de semana na fazenda.

Após sua aprovação ao ginásio, foi matriculada num colégio religioso pertencente às Irmãs Servas do Espírito Santo, por ser próximo da casa dos avós, que moravam à rua Júlia Wanderley.

Era uma aluna inteligente e aplicada, sempre obteve boas notas. Mas, para ela e suas colegas, a matemática tornou-se um suplício. Não conseguiam entender, dentre outros conteúdos, as equações de segundo grau e muito menos o Teorema de Pitágoras, cuja utilidade o professor nunca explicou. Laura, procurava decorar fórmulas e enunciados, sem saber exatamente onde iria aplicar.

O professor parecia entender muito da matéria, mas não tinha a mínima didática. Entrava na sala, mal cumprimentava as alunas, fazia a chamada e logo escrevia na lousa o conteúdo do dia. Falando sem parar, mandava-as anotar o que falava e escrevia, sem ao menos perguntar se estavam entendendo o que ele se propunha a ensinar.

As meninas ficavam estáticas nas carteiras, e ai de quem ousasse se manifestar. Se acaso se mexessem ou virassem para os lados, o professor atirava nas suas cabeças o giz que tinha nas mãos e em voz solene dizia: número, menina? (queria saber o seu número na chamada, pois, não se interessava em saber o nome de ninguém). Anotava os números no final do quadro-negro, para que ficassem de castigo, permanecendo na sala de aula por mais quinze minutos após o horário da saída oficial.

A duras penas, Laura conseguia tirar a nota mínima para passar de ano, pensava, por vezes, que seus neurônios estavam “enfraquecendo”. Finalmente, terminou o Curso Ginasial e livrou-se definitivamente da matemática. Queria ser professora e no Curso Normal, as disciplinas eram voltadas para a formação humanística e pedagógica.

No entanto, sem saber o porquê, às vezes, surge-lhe à mente o velho enunciado: o quadrado da medida da hipotenusa é igual à soma dos quadrados das medidas dos catetos.

Texto de autoria de Márcia Derbli Schafranski, professora universitária aposentada, Especialista e Mestre em Educação pela UEPG e Suficiente Investigadora pela Universidade de Extremadura, na Espanha, residente em Ponta Grossa, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais.

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