Projeto artístico registra ruínas de antiga oficina ferroviária
O projeto ‘Desenhadores de Rua’ tem como objetivo salvaguardar diferentes espaços de Ponta Grossa através do desenho
Publicado: 21/05/2025, 00:30

Desde abril, 20 artistas têm saído às ruas de Ponta Grossa aos finais de semana para registrar imóveis, espaços urbanos e atrativos naturais por meio de diferentes técnicas de desenho. Este é o projeto ‘Desenhadores de Rua’, coordenado pela artista e professora Rute Yumi. No último domingo, 18 de maio, uma das turmas registrou externamente os barracões da antiga oficina da Rede Ferroviária Federal (RFFSA). O projeto tem apoio da Copel, por meio do Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura (Profice), da Secretaria de Estado da Cultura – Governo do Paraná, com produção da Inspire Projetos Criativos e Estratégia Projetos Criativos.
Localizado no bairro de Oficinas, a construção servia como espaço para a manutenção de trens e vagões, importantes para a história e economia da cidade e da região. A instalação foi primordial para o desenvolvimento do bairro, que recebeu o seu nome devido ao complexo. Na década de 1990, a oficina foi desativada e seu terreno - de quase 100 mil metros quadrados - foi inutilizado. Atualmente, o imóvel pertence à empresa Rumo Logística e não é tombado como patrimônio cultural.
“A questão de irmos desenhar a oficina em ruínas surgiu a partir de uma fala coletiva a respeito de patrimônio, sobre locais significativos para os moradores, mas que não são protegidos pelo tombamento como patrimônio material”, comenta Rute. “Quando olhamos tudo aquilo, todos os detalhes, fico pensando nas pessoas que construíram, que fizeram a manutenção. É um retrato da passagem do tempo. Sobre o registro, espero que fique bem marcado que estivemos lá, do nosso olhar de hoje. Para mim ficou um sentimento de perda, de algo que está se esvaindo”, finaliza.
Para Franciele Braga Machado, participante do projeto, esses registros servem como ferramenta para a leitura urbana. “O legal de desenhar um espaço histórico é deixar registrado um cenário que já contou muitas histórias. É como se aquela imagem pudesse permitir reviver memórias”, afirma. No mesmo sentido, o participante Martins Alves viu na oportunidade uma forma de conhecer mais da cidade onde mora. “Eu passo na frente da antiga oficina direto, mas nunca havia parado para olhar e refletir sobre, as vezes até esquecia que tinha uma oficina ali. Eu acredito que esses desenhos e essa movimentação são importantes também para a valorização desse espaço que foi tão relevante para a cidade e para tantas famílias. Veio o sentimento de melancolia, de abandono, mas achei bacana a oportunidade”, conta.
O PROJETO -
Os desenhadores participantes foram escolhidos em um concorrido teste seletivo realizado em março, com 127 inscritos para 20 vagas. Eles já passaram por um processo de formação (com aulas técnicas e teóricas sobre desenho de observação e palestra sobre patrimônio cultural) e são divididos em duas turmas: uma nas tardes de sábado e outra nas manhãs de domingo.
Além dos barracões da antiga RFFSA, as turmas já registraram também a Catedral Sant’Ana, o Mosteiro da Ressurreição, o Cemitério São José, a Praça do Pôr-do-Sol, o Memorial Ponto Azul e o Parque Vila Velha. Até o final de junho outros doze espaços serão visitados. O resultado poderá ser visto em uma exposição coletiva em breve. Todas as atividades são compartilhadas pelo Instagram no @desenhadoresderuapg.
Com informações de assessoria de imprensa