Historiador de Ponta Grossa participa de documentário da Globo sobre os 100 anos do jornal
Especialista na Segunda Guerra Mundial, jornalista ponta-grossense falou sobre a atuação do correspondente Egydio Squeff e do ‘Globo Expedicionário’ na série ‘O Século do Globo’, criada por Pedro Bial
Publicado: 10/07/2025, 17:53

O jornalista e historiador, Helton Costa, é uma das fontes especialistas do novo documentário da TV Globo, "O Século do Globo". A produção, que celebra o centenário do jornal O Globo, estreou nesta semana e contou com a participação do pesquisador ponta-grossense já no primeiro episódio, que aborda do surgimento do jornal até a década de 1950.
Radicado em Ponta Grossa há mais de uma década, Helton é natural de Dourados/MS e foi convidado a falar sobre um dos temas de sua especialidade: a participação de jornalistas brasileiros na Segunda Guerra Mundial. Sua análise focou no "Globo Expedicionário", um suplemento histórico do jornal criado para cobrir a Força Expedicionária Brasileira (FEB), e no trabalho do correspondente de guerra Egydio Squeff. Em uma publicação em suas redes sociais, Costa comemorou a participação. "Muito feliz em ter participado do documentário, falando sobre o jornal 'Globo Expedicionário' e sobre o correspondente de guerra Egydio Squeff. Minha participação foi gravada no começo do ano, no Rio de Janeiro", revelou.
O historiador elogiou a qualidade da produção, destacando o cuidado com a ambientação histórica. "Os detalhes para ambientação são de uma excelência gigante. Eles recriaram a redação dos anos 40, uma clássica foto de soldados brasileiros lendo O Globo Expedicionário e ainda a barraca onde o Egydio apareceu com um grupo de amigos", detalhou.
Helton Costa também se disse honrado por dividir o espaço com figuras como o jornalista Pedro Bial e o músico e pesquisador João Barone, filho de um pracinha e um dos maiores entusiastas da história da FEB. A produção ainda conta com dramatizações, com o ator Eduardo Sterblitch interpretando Roberto Marinho e Miguel Rômulo no papel de Egydio Squeff.
Produção bibliográfica
O convite se deu por conta das pesquisas de Helton sobre a participação brasileira naquele conflito, em especial por conta do livro “Crônicas de sangue: jornalistas brasileiros na Segunda Guerra Mundial”, que detalha a saga dos correspondentes que cobriram a luta dos soldados do Brasil na Itália, entre 1944-1945.
Sobre o documentário "O Século do Globo"
Criada pelo jornalista Pedro Bial, a série documental vai ao ar na TV Globo entre os dias 8 e 11 de julho, em comemoração ao centenário do jornal O Globo. Dividida em quatro episódios, a produção mescla elementos de documentário, ficção e mais de 50 entrevistas para narrar a trajetória do veículo em meio aos principais acontecimentos do Brasil e do mundo. Todos os episódios já estão disponíveis na plataforma Globoplay.
O Globo Expedicionário e o correspondente Egydio Squeff
Durante a Segunda Guerra Mundial, o jornal O Globo, então alinhado ao governo de Getúlio Vargas, criou um suplemento especial para levar notícias do front italiano aos brasileiros: O Globo Expedicionário. O jornalista gaúcho Egydio Squeff (1911-1973) foi o correspondente enviado para acompanhar a FEB in loco.
Conhecido como "Tchê" pelos colegas, Squeff se destacou pela escrita arguta e pela coragem. Foi ele quem assinou a principal reportagem sobre a tomada de Monte Castello, em fevereiro de 1945, um dos feitos mais emblemáticos dos pracinhas. Além de escrever para o jornal, Squeff também realizava boletins para a Rádio Globo, levando a voz do front para todo o Brasil. Respeitado por colegas como Joel Silveira e Rubem Braga, Squeff foi uma figura central na cobertura jornalística da guerra.
Squeff era membro do Partido Comunista, sempre foi uma figura politicamente ativa, participando de campanhas pela libertação de presos políticos, como a do ex-combatente Samuel Malina. Egydio Squeff faleceu no Rio de Janeiro em 1973, aos 61 anos.
Um especialista de PG
Helton Costa é natural de Dourados/MS, e mora em Ponta Grossa há mais de uma década, tendo atuado como professor universitário. Atualmente é servidor público concursado na Coordenadoria de Comunicação da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
Ele é doutor em Comunicação e Linguagens, mestre em Comunicação, especialista em Estudos da Linguagem e em Arqueologia e Patrimônio; bacharel em Jornalismo e licenciado em História. Pós-doutor em História pela Universidade Federal do Paraná. Autor de: Confissões do Front: soldados do Mato Grosso do Sul na II Guerra Mundial; Crônicas de sangue: jornalistas brasileiros na II Guerra Mundial; Dias de Quartel e guerra: diário do Pracinha Mário Novelli; Camarada pracinha, amigo partigiani: anotações brasileiras sobre a resistência italiana na II Guerra Mundial; Ao alcance da morte: ensaio sobre o estado psicológico dos soldados da FEB na Segunda Guerra Mundial; Soldado 4.600: vida e luta do pracinha Manoel Castro Siqueira; Soldado Justino: um sobrevivente da FEB; Dever e honra: veteranos da FEB legalistas e militantes de esquerda contra ditaduras e golpes no Brasil – 1945-1995; de Estrada para Assunção: imagens e memórias da Guerra do Paraguai/Tríplice Aliança, 160 anos depois; de Obituários de campanha: soldados brasileiros mortos na Segunda Guerra Mundial e de No alvo: reflexões sobre o uso do Jornalismo como mercadoria e arma de desestabilização social.
Todos os livros de Helton podem ser encontrados neste link.
Com informações de assessoria de imprensa