UEPG lança Observatório para fortalecer a cultura da paz
O foco é unificar as boas práticas da instituição que estão na 'Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas'
Publicado: 02/07/2025, 12:41

A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) planeja instalar um Observatório da Cultura de Paz (Obpaz). O projeto está em fase adiantada, com lançamento oficial previsto para setembro deste ano. O objetivo é unificar as boas práticas da instituição que contemplem a ' Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas' (ONU). A iniciativa envolve cursos de todas as áreas do conhecimento, com auxílio da Agência de Inovação e Propriedade Intelectual (Agipi).
O professor Nei Alberto Salles Filho, que coordena o Observatório, explica que a demanda surgiu do Fórum das Universidades pela Paz (Foup), do qual a UEPG faz parte, e de um encaminhamento da Reitoria. Segundo ele, o debate existe desde o final de 2024. “A Universidade é muito grande e precisamos perceber onde essas questões de cultura de paz e direitos humanos estão alinhadas. Por isso, compusemos um pequeno grupo de professores de setores diferentes, todos voluntários, para pensar essas questões. Assim surgiu a ideia do Observatório”, recorda o docente.

ESTRUTURA - Obpaz conta com alunos bolsistas e uma página no site institucional. Estão previstas reuniões periódicas e a realização de eventos. “Muitos projetos de extensão da UEPG já integram o Foup. Portanto, o foco do Observatório é reunir tudo o que a Universidade já desenvolve, fazendo com que essas excelentes iniciativas dialoguem entre si, para que possamos qualificar cada vez mais a instituição também nas questões humanas”, comenta Nei.
TECNOLOGIA E INOVAÇÃO - O chefe do Escritório de Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia da Agipi, Lívio Marcel Queij, esclarece que a participação da Agência segue uma política pública estadual orientada pela Agência de Desenvolvimento Regional Sustentável (Ageuni). “Vemos o Obpaz como uma inovação, não necessariamente tecnológica, mas sim no âmbito da inclusão social e da equidade. O projeto tem uma natureza inicialmente acadêmica, mas com tendência a extrapolar os muros da universidade para a sociedade”, defende o professor.
AUTONOMIA - Todos os projetos vinculados ao Obpaz terão sua autonomia e funcionamento assegurados. Um exemplo é o “Núcleo de Educação para a Paz”, também coordenado pelo professor Nei, que promove palestras e ações de formação para entidades e instituições.
O Núcleo tem 17 anos de atuação e já contribuiu para políticas locais e nacionais que visam consolidar a cultura da paz. Uma de suas ações mais relevantes foi o convite para integrar a Comissão Especial da Câmara dos Deputados, “destinada a elaborar propostas legislativas e a promover a Cultura da Paz”, responsável por inserir o tema na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), em 2018.
Nei relata que, naquela época, havia a expectativa de que medidas efetivas avançassem prontamente. No entanto, com a mudança de governo e, em seguida, a pandemia, a elaboração de uma política de abrangência nacional foi paralisada, apesar dos avanços já realizados. As discussões eram lideradas pela deputada federal Keiko Ota (SP) e pelo deputado paranaense Aliel Machado. “Foi um período muito rico e especial de reconhecimento de boas práticas de prevenção às violências e construção da paz por meio da educação”, acrescenta o professor.
Em 2024, com a experiência acumulada desde 2018 e uma base sólida para fundamentar uma política nacional, o Ministério da Educação instituiu o Sistema Nacional de Acompanhamento e Combate à Violência nas Escolas (Snave) e, dentro dele, o Programa Escola que Protege. “Portanto, após esses anos, começam a se configurar ações efetivas para a prevenção das violências e a promoção da Cultura de Paz nas escolas, seguindo a determinação da LDB. Ainda há um longo caminho a percorrer, mas a criação de um sistema nacional e de propostas pedagógicas é um grande passo”, avalia Nei.
Embora o Núcleo seja vinculado ao curso de Educação Física, a ação conta com a participação de alunos de diversas áreas, muitos atraídos pela possibilidade de curricularização da extensão. “Estimula-se a participação voluntária dos acadêmicos, e a presença deles tem sido bastante efetiva e importante”, comenta o docente.
APLICAÇÕES PRÁTICAS - Guilherme Daneliv, do curso de Engenharia de Software, é um dos integrantes do projeto de extensão do Núcleo e voluntário no Obpaz. O estudante já reflete sobre como aplicar as noções de cultura da paz em sua futura área de atuação. “A gente pensa que a paz é só a ausência de guerra, mas, quando entrei no projeto, passei a entender que ela é muito mais abrangente. A paz está em várias esferas da nossa sociedade, inclusive na tecnologia, que é a área em que atuo. É, por exemplo, desenvolver um software e pensá-lo de forma ética”, explica.

Visão semelhante tem Anne Nicole Macedo Rosa, do curso de Enfermagem, que vê na humanização dos atendimentos e na convivência harmônica no ambiente de trabalho uma forma de aplicar os preceitos da cultura da paz. “A gente cuida, mas às vezes o cuidado é tão técnico, focado na saúde física, que acabamos esquecendo da saúde mental e de sua importância. E não pode ser assim, tanto com o paciente quanto com os profissionais da equipe. É preciso ter respeito pela equipe, trabalhar em conjunto. Então, acredito que a cultura da paz se encaixa nisso também”, defende Anne.

Com informações da UEPG.